Entrevista:O Estado inteligente

segunda-feira, julho 11, 2005

VINICIUS TORRES FREIRE A mula-sem-cabeça do PT

Folha de S Paulo
 SÃO PAULO - A degradação do petismo-lulismo não tem fim. Não se trata aqui do paroxismo de vexames e indignidades simbolizado pelo petista preso com uma pacoteira de dólares sob as calças. A degradação é ininterrupta porque o petismo-lulismo não é outra coisa que uma estratégia de se incrustar no poder a qualquer custo, sem nenhum projeto de substância. Da esquerda antiga -aliás uma redundância, pois não há esquerda nova- herdou apenas o cadáver mumificado, o vezo autoritário, o aparelhismo, a mentira sistemática do estalinismo.
O petismo-lulismo procura salvar aparências, apenas. A camarilha lulista no PT caiu tão-só porque flagrada em mentiras ou sob o impacto das imagens da opereta bufa de última categoria estrelada pelo homem da mala do PT, materialização tão grotesca do folclore da corrupção como ver uma mula-sem-cabeça pastar. Não fossem escândalos, a camarilha estaria lá, José Genoino inclusive, incrustada como craca no poder.
A seguir, a opereta deu lugar à pantomima dos "choques": "ético", "de gestão". Para começar, Lula identificou mais uma vez o PT com o governo. Deu status reverso de ministro aos membros escafedidos da camarilha (Delúbio, Silvio Pereira, Marcelo Sereno, Genoino), pois tirou gente de seu gabinete ministerial para substituí-los no PT. A nova cúpula, por sua vez, limita-se a dizer que vai fazer auditoria das contas e que quer assustar seus bandidos com uma agenda para registrar as reuniões de finanças do partido.
Após dois anos e meio, Lula promete começar a governar, com um "choque de gestão". Não começará. A precariedade institucional, o desarranjo constitucional e o divórcio entre a condução da política e a da economia, herdado de FHC, agravaram-se ainda mais sob o PT. Se Lula tivesse noção do mal que causou iniciaria um governo de transição e diálogo, tocando reformas no sistema financeiro, na burocracia, na política, no Orçamento da União. Mas limita-se a nomear mais amigos medíocres, pelegos e o banco de reservas da confederação fisiológica do PMDB.

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