Entrevista:O Estado inteligente

segunda-feira, julho 11, 2005

FERNANDO RODRIGUES :CPI da corrupção

Folha de S Paulo

  BRASÍLIA - Está em curso no Congresso uma operação destinada a embaralhar as apurações em curso. Além da CPI dos Correios, vão começar a funcionar outras duas: a do "Mensalão" e a dos Bingos.
O Palácio do Planalto opera ativamente para que essas novas investigações entrem logo em cena. O objetivo é fragmentar os fatos. A chance de haver um oceano de depoimentos repetidos é enorme. O tempo passará. Muita gente se salva.
Tome-se o caso de Marcos Valério, o famigerado empresário mineiro que personifica o verdadeiro espetáculo do crescimento econômico alardeado por Lula. Esse personagem terá de depor certamente na CPI do "Mensalão". Ocorre que já depôs na CPI dos Correios e ali deve retornar por causa de omissões e/ou mentiras proferidas. Ficará vagando de investigação em investigação, mais confundindo do que esclarecendo. O mesmo acontecerá com a secretária Fernanda Karina e outros tantos.
É evidente a imbricação entre essas três CPIs (Correios, "mensalão" e bingos). Todas apuram corrupção no governo Lula, com dinheiro estatal irrigando a vida de políticos e seus apaniguados. Há vasos comunicantes claros entre os protagonistas das traficâncias. O mais produtivo seria concentrar tudo numa única Comissão Parlamentar de Inquérito, uma CPI da corrupção, com subcomissões temáticas apurando cada acusação -mas centralizando o resultado num relatório final conjunto.
A proposta de aglutinar as CPIs já circula no Congresso. No que depender do Planalto, será enterrada. Por sorte, beira o nada o poder de Lula para, a esta altura, barrar qualquer tipo de investigação.
O problema não é Lula, mas os outros interessados em atrapalhar as CPIs (petistas e governistas em geral). Se a oposição não acordar, a tarefa de apurar os fatos será tortuosa, incerta, com uma penca de CPIs se sobrepondo e jogando no lixo um esforço que poderia ser conjunto.

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