A Gushiken & Associados, uma empresa que presta assessoria na área de previdência, faturou R$ 151 mil em 2002. Em 2003, Luiz Gushiken, que pouco antes havia abandonado a sociedade, assumiu o cargo de ministro da Secretaria de Comunicação e Gestão Estratégica, e o faturamento da companhia saltou para R$ 1,051 milhão.
Outro acréscimo expressivo registrou-se em 2004, quando a companhia -que após a saída do ministro passou a se chamar Globalprev- faturou R$ 1,966 milhão. Em 2005, o faturamento, até o mês de maio, já havia alcançado R$ 969 mil.
Os recursos vieram, na maior parte, de serviços prestados a cinco fundos de pensão de estatais, entre os quais o Postalis, dos Correios, e a Petros, da Petrobras. Esta última anunciou o rompimento do contrato na segunda-feira, logo depois da publicação de reportagens sobre a evolução financeira da empresa. Por meio de uma nota, a Globalprev afirmou que "mantém atividade lícita, relações comerciais legais e está em dia com todas as suas obrigações".
Não é improvável que o conteúdo da nota seja verdadeiro, mas o que está em questão não é se a referida companhia -cuja sede, aliás, é a casa onde o ex-sócio morava até o final de 2002- cumpre seus compromissos e atende aos requisitos legais. O que salta aos olhos nesse "case" empresarial é a gritante correlação entre a escalada do faturamento da Globalprev e o ingresso de Luiz Gushiken no primeiro escalão do governo Luiz Inácio Lula da Silva.
Talvez o ministro seja um administrador tão sofrível que sua ausência tenha representado um verdadeiro "choque de gestão" na empresa, cujo resultado foi a notável prosperidade que posteriormente se verificou.
Quem conhece, porém, a maneira como no Brasil recursos públicos são capturados por interesses privados -e quanto a isso assistimos a mais um revelador e deprimente espetáculo- não pode deixar de ver com apreensão e desconfiança a metamorfose da Gushiken & Associados nestes anos de governo petista.
Entrevista:O Estado inteligente
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