Entrevista:O Estado inteligente

quinta-feira, julho 07, 2005

CLÓVIS ROSSI A saída Clinton

folha de s paulo
 SÃO PAULO - Do jeito que caminham as coisas, o melhor que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem a fazer é imitar Bill Clinton: ir à televisão para um mea-culpa.
Recapitulemos um pouco o caso Clinton: negou primeiro o caso com a estagiária da Casa Branca, foi apertado por um procurador (este, sim, politicamente motivado) e pela maioria republicana no Congresso até que resolveu contar tudo e pedir desculpas ao público (e à família).
A situação de Lula é, por enquanto, até mais confortável.
Não apareceu, até agora, o batom na cueca, como os repórteres ironicamente chamam uma prova contundente, ao contrário da mancha no vestido que surgiu no caso Clinton/ Monica Lewinsky.
Além disso, há uma quase generalizada disposição de poupar Lula -em parte, pela reserva de simpatia de que ainda goza e, em parte, porque a oposição quer deixá-lo ferido, mas não morto, até a eleição de 2006.
No caso Clinton, os setores conservadores, movidos por uma moral torta, queriam chupar sua jugular de um só sorvo.
Não sei francamente que tipo de mea-culpa Lula poderia fazer, porque não sei o que o presidente sabe sobre o gigantesco imbróglio armado na República. Seja qual for, será certamente melhor que esse gotejar diário de cadáveres políticos insepultos. Melhor para ele e para o país.
É possível até que Lula tenha de pedir desculpas não por seus próprios malfeitos, se existem, mas pelas culpas alheias, embora de amigos e aliados. Paciência.
Pior será manter o país refém de uma situação que o repórter Fernando Canzian, desta Folha, resumiu assim no almoço de ontem entre companheiros: "O incrível é que todo mundo acredita em tudo o que Roberto Jefferson diz, menos que caiu um armário em seu olho". Patético, mas verdadeiro.

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