o globo
A economia manda diariamente alguma boa notícia para o conturbado front político. Não adianta muito porque a guerra continua. Às vezes, é guerra pela guerra, sem sentido algum. Ontem foram horas de briga entre governo e oposição para proteger sigilos que depois foram espontaneamente oferecidos. Hoje pode haver nova etapa da reforma ministerial. Se o presidente Lula ler e gostar do que tem em cima de sua mesa, ele pode acabar com 15 mil cargos de livre nomeação.
Uma das propostas de mudança na gestão do governo, que foi levada ao presidente, prevê a redução forte do número de DAS. Hoje o governo tem 21 mil DAS, pouco mais de 19 mil ocupados e 1.800 ainda vagos. A idéia é reduzir ao mínimo os cargos de livre nomeação restringindo aos cargos diretamente ligados a cada ministério. Pelas contas, poderiam ser reduzidos algo como 15 mil cargos. Desvantagem: as reações de sempre. Vantagem: seria a melhor resposta às críticas de partidarização da máquina. Continua a idéia de fechar ministérios, ou fundir: Cidades com Integração, sob o comando de Ciro Gomes. Coordenação Política com Conselhão, sob Jaques Wagner.
Para a Previdência, foram propostas mudanças importantes na gestão. O Ministério da Fazenda tem trabalhado muito próximo ao Ministério da Previdência já identificando com os técnicos da área formas de fazer o choque de gestão. Aquela idéia de refazer o cadastro, que foi executada de forma tão desastrada, será retomada de forma mais eficiente desta vez. O governo está convencido de que há muita fraude nos benefícios concedidos.
Entre as várias alternativas analisadas pelo presidente está a de nomear ou um grande executivo do setor privado ou um técnico para o Ministério da Previdência. O nome mais forte é o do secretário do Tesouro, Joaquim Levy.
As especulações em torno dos novos nomes e cargos continuam. O ministro Luiz Gushiken já é considerado um ex. O ministro Luiz Dulci sairia do governo para assumir a presidência do Partido dos Trabalhadores e depois passar a ser o candidato do Campo Majoritário. O atual presidente, José Genoino, mesmo entre os que continuam acreditando na sua inocência dentro do governo e do partido, está sendo considerado uma pessoa que se desgastou muito nos erros que cometeu na condução da crise partidária. O PT está, como se sabe, vivendo a crônica de uma guerra particular. Enquanto o governo e o partido vivem sua pior crise, o PT está no meio de uma intensa disputa eleitoral. O PED, processo de eleição direta, foi previsto para escolher em setembro, pelo voto direto, a nova direção do partido.
A esquerda do PT endurece o discurso com a direção achando que assim se fortalece. Ninguém se fortalece com a crise do PT, ala alguma do partido, nem a democracia brasileira. Acreditando estar fortalecida, a oposição petista insiste nas suas baterias contra a política econômica. Mas é da economia que têm saído as boas notícias. As únicas boas notícias até onde a vista alcança.
A produção industrial de maio, divulgada ontem pelo IBGE, veio acima das expectativas. As previsões do mercado oscilavam bastante, mas numa margem pequena: iam de 0,5% a 1,5%. Acabou dando mais perto do topo, 1,3% e bem acima do que previa também o BC que, na sua ata de junho, achava que ficaria estável. Apesar do bom resultado da indústria, a preocupação do mercado permanece pois o ritmo, na comparação com o mesmo mês do ano anterior, vem reduzindo mês a mês. O quadro, em muitos setores, é positivo, mas há outros, como os de calçados e móveis, que estão passando momentos difíceis com o câmbio e já começaram a demitir.
Uma das muitas surpresas da economia: mesmo com nove elevações da taxa de juros, os que menos sentiram a pressão foram os bens duráveis, normalmente mais vulneráveis a altas de juros. O crescimento dos duráveis foi de 21,4% em maio contra maio de 2004 e de 3,7% contra o mês anterior.
Há uma boa notícia contratada: a maioria dos economistas está prevendo que o PIB do segundo trimestre será maior que o do primeiro. O primeiro trimestre foi fraquíssimo. Mas as informações recolhidas por vários setores mostram que haverá mais crescimento no segundo trimestre.
A inflação de junho está zero ou abaixo disso em muitos índices. O IGP-DI divulgado ontem ficou em 0,45% de queda. O IPCA deve dar um número muito próximo de zero. A lista das boas novas colecionadas: inflação de junho perto de zero; superávit comercial de junho de US$ 4 bilhões, o maior do que se tem notícia; fluxo cambial positivo; produção industrial de maio positiva; produção recorde de veículos em junho; Tesouro voltando a vender títulos pré-fixados. É claro que, como o mercado não dá ponto sem nó, só está aceitando agora comprar pré-fixados porque a perspectiva é de queda dos juros. Foram R$ 10 bilhões em títulos pré no leilão esta semana e outro tanto na semana passada. E é bem verdade que são ainda títulos curtos.
A economia poderia até dar algum fôlego ao governo se ele conseguisse reagir em tempo hábil, mas tudo é lento, lentíssimo, no processo decisório do presidente Lula. A reunião ministerial de hoje já foi adiada para segunda-feira, mas pode ser já com a participação dos novos ministros, inclusive os que supostamente serão anunciados hoje.
Entrevista:O Estado inteligente
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