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"A história combinada entre o ex-tesoureiro do PT, Delúbio Soares, e o publicitário Marcos Valério, com as bênçãos do ex-presidente do PT José Genoíno e do presidente Lula, já está sendo chamada de Operação Paraguai, ou seja, uma versão falsificada daquela Operação Uruguai que foi fabricada durante a CPI que levou ao impeachment de Fernando Collor.
Delúbio e Valério assumem toda a responsabilidade pela montagem de um caixa 2 para o PT, a partir de empréstimos contraídos na rede bancária.
Caixa 2 em campanha é crime eleitoral e pode levar ao cancelamento do registro de um partido político no TSE. Por isso mesmo, tanto o deputado Roberto Jefferson quanto Delúbio Soares alegam que receberam dinheiro ilegal como pessoas físicas. Tudo para não comprometer os respectivos partidos.
Esta Operação Paraguai tem como objetivo livrar Delúbio Soares e Marcos Valério da cadeia. É uma estratégia da defesa, construída de comum acordo. Tudo bem, é direito deles.
O habeas corpus preventivo conseguido por Valério, Delúbio e Sílvio Pereira também faz parte desta estratégia jurídica.
Os três têm o direito de mentir à CPI, porque a Constituição brasileira determina que ninguém é obrigado a produzir prova contra si mesmo. Mas a situação deles muda a partir daí. Ao se recusarem a jurar dizer a verdade na CPI, os três se transformam, de testemunhas em acusados.
Outra estratégia, e muito diferente, é política. E aí, Delúbio Soares comprometeu a legitimidade do mandato de todos os petistas eleitos em 2002 e em 2004. Ao afirmar que todos usaram caixa 2, que o marqueteiro do PT nas duas eleições foi pago com caixa 2, Delúbio transformou todos os petistas com mandato em pessoas suspeitas de se servir de dinheiro ilegal.
E este será o principal problema dos petistas daqui para frente. Isto porque o eleitor do PT não é um eleitor dos grotões, do Bolsa-Família, do assistencialismo. Este é o eleitor de Lula.
O eleitor do PT é um eleitor de opinião. É habitante das capitais e cidades grandes e médias, razoavelmente informado e exigente em matéria de comportamento dos seus representantes.
Como será que este eleitor do PT está recebendo as notícias de que seus representantes foram eleitos com dinheiro ilegal? De nada adianta o próprio presidente da República afirmar em entrevista que "o que o PT fez do ponto de vista eleitoral é o que é feito no Brasil sistematicamente".
O eleitor do PT vota no PT porque o partido era diferente dos outros, porque não fazia "o que é feito no Brasil sistematicamente".
Os deputados e senadores do PT que compõem a CPI dos Correios estão obrigados a exigir que as investigações prossigam até o fim. Suas biografias e suas reputações estão em jogo. Além da renovação dos mandatos em 2006, é claro."
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