Ivan Guimarães ajudou seu mentor a
navegar no caixa do Banco do Brasil
Marisa Cauduro/Cia de Fotos/Ag. O Globo |
O NÚMERO 2 DE DELÚBIO Em retribuição ao trabalho na campanha de 2002, Ivan "ganhou" seu próprio banco e fez negócios com a agência do empresário Marcos Valério |
VEJA revelou na semana passada que Henrique Pizzolato, ex-diretor de marketing do Banco do Brasil, mandou seu contínuo buscar uma sacola com 326 000 reais da conta da DNA propaganda, uma das agências de publicidade de Marcos Valério, o operador do mensalão. Influente no mundo financeiro, Pizzolato era peça vital, mas não a única, da fantástica fábrica de dinheiro do ex-tesoureiro do PT, Delúbio Soares. Em meio à inesgotável lista de envolvidos no esquema de arrecadação petista, deve-se ressaltar o economista Ivan Guimarães, subtesoureiro do PT durante a campanha presidencial de 2002. Na prática, Ivan era uma espécie de genérico de Delúbio. Terrível na arte de buscar dinheiro junto a banqueiros, cumpriu com dedicação a árdua tarefa de, sabe-se hoje, abarrotar o(s) caixa(s) do partido para financiar a campanha que elegeu o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Missão cumprida, ganhou em março de 2003 o cargo de assessor especial do ex-presidente do Banco do Brasil Cássio Casseb, mas não se contentou com os limites estreitos da função. Passou a perseguir novos negócios, em sociedade com um amigo que lhe fora apresentado por Delúbio: o empresário mineiro Marcos Valério. Juntos, Ivan e Valério percorreram os corredores do Congresso e de ministérios em defesa de missões pouco ortodoxas. Numa delas tiveram a desfaçatez de pressionar funcionários do Banco Central a decidir em favor de bancos falidos com pendências bilionárias no órgão. Fracassaram.
Clayton de Souza/Diário SP/Ag. O Globo |
PROPAGANDA POPULAR Banco presidido por Ivan deu mais dinheiro a Valério do que aos clientes pobres |
No segundo semestre de 2003, meteram-se numa empreitada ainda mais ousada. Talvez influenciados pelo dramaturgo alemão Bertolt Brecht, para quem crime não é assaltar um banco, mas fundar um, propuseram a criação de duas novas instituições financeiras, uma privada, outra pública. A pública nasceu em setembro de 2003, com a criação do Banco Popular do Brasil, braço do Banco do Brasil cuja função é emprestar dinheiro à população de baixa renda. Ivan foi logo nomeado para a presidência da nova instituição, da qual foi escorraçado um ano e sete meses depois, deixando um legado cômico e triste. Sob sua administração, o Banco Popular do Brasil injetou mais dinheiro na agência de publicidade de Marcos Valério do que nas contas de seus pobres clientes. A DNA propaganda, de Valério, recebeu 24 milhões de reais para gastar com publicidade. Ao cerca de 1 milhão de clientes do Banco Popular do Brasil Ivan destinou 20 milhões.
Ivan, Delúbio, Pizzolato e Valério também sonhavam com a criação de uma instituição financeira privada – o Banco do Trabalhador, que centralizaria a movimentação bancária de todos os sindicatos ligados à Central Única dos Trabalhadores sob a supervisão e com o suporte do Banco Rural. A idéia foi abandonada quando José Dumont, ex-vice-presidente do Rural, morreu, em um acidente de automóvel, levando junto os sonhos de Delúbio e de seus genéricos. Ah, sim, Ivan dirige um Land Rover.
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