Entrevista:O Estado inteligente

quarta-feira, julho 06, 2005

FERNANDO RODRIGUES :Inação explosiva

folha de s paulo
 
BRASÍLIA - Lula está preparando uma reforma ministerial há nove meses. O escândalo do "mensalão" em breve completará 60 dias. Dirigentes petistas são acusados de ações ilegais, mas a cúpula do partido só decidirá o que fazer no sábado.
Essa inação explosiva tem sido mortal para o governo. Ontem, enquanto o PT adiava sua decisão sobre mudanças na direção da sigla, fatos e mais fatos apareciam nos salões verde e azul do Congresso.
O mais fascinante veio por escrito. O líder do PMDB na Câmara, José Borba, resolveu se defender. Divulgou uma nota. Acabou se auto-incriminando. Jogou mais uma tonelada de lama no PT e no governo.
Borba está nos registros de visitantes do Banco Rural, em Brasília. Essa instituição é citada como possível fonte do dinheiro usado para pagar o "mensalão" a deputados.
Ao se defender, Borba confessou ter praticado fisiologia em conjunto com o PT e com o empresário Marcos Valério, um dos acusados de ser provedor do "mensalão". Eis o que escreveu o líder peemedebista:
"O meu relacionamento com líderes do PT, integrantes de sua Executiva Nacional e o sr. Marcos Valério sempre foram (sic) delimitados (sic) pela tratativa da ocupação de cargos públicos, em razão de pleitos de integrantes da nossa bancada".
Não contente, completou: "O que discuti com dirigentes do PT e o sr. Marcos Valério é o que lideranças partidárias discutem hoje e sempre discutiram em todos os governos, a nomeação de seus partidários para cargos na administração".
Eis a que ponto chegou a crise. O líder de um dos maiores partidos do país confessa, por escrito, ter traficado influência com o PT e com um empresário suspeito de crimes de compra de deputados. O PT fica atônito. Não reage. O Planalto idem.
A marca desse escândalo todo tem sido a incapacidade de reação dos citados. À frente dessa tropa abúlica está o presidente da República.

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