Entrevista:O Estado inteligente

sexta-feira, julho 08, 2005

ELIANE CANTANHÊDE Pedra sobre pedra

folha de s paulo
 BRASÍLIA - Do tripé lulista do início do governo, só resta uma perna: Palocci (Fazenda), responsável pela única área do governo imune às turbulências e até agora poupado da avalanche de denúncias.
José Dirceu, o "super-ministro", caiu do Planalto para a planície, onde vê as CPIs dos Correios e dos Bingos fecharem o cerco. Sua situação não é das melhores.
Luiz Gushiken, o "zen", a voz do bom senso, entrou na onda com a descoberta de que sua antiga empresa, que ainda hoje funciona numa casa da família, multiplicou o faturamento durante o governo Lula.
Falta Palocci. E tanto opositores quanto leitores perguntam por Rogério Buratti, homem forte do atual ministro na prefeitura de Ribeirão Preto (SP) até ser demitido por suspeita de relação heterodoxa com uma empreiteira da região. Curioso é que, demitido por um, foi contratado por outros petistas e continua numa boa.
A suposição é que, assim como não interessa a queda de Lula, também não convém mirar em Palocci e acertar na economia. Essa lógica, porém, ruirá no exato momento em que (ou se) ele se metamorfosear de ministro em presidenciável.
Com tal desmanche, a guerra intestina do PT é pela direção do partido. Dirceu, Genoino e Gushiken articulam para manter sua tendência, o Campo Majoritário, no comando. Já os "radicais" não admitem mais a confusão (e que confusão!) entre governo e partido. Querem distância.
Sem o principal tripé do seu governo, e com o partido dramaticamente rachado, Lula conta com o prestígio de Palocci na elite, com a estatura de Márcio Thomaz Bastos e com a mão-de-ferro de Dilma Rousseff para tocar o governo. Além disso, conta com o próprio otimismo e com pesquisas que o preservam do vendaval.
Lula, porém, precisa de mais. De sorte, de uma oposição responsável e da certeza de que nada há contra ele e os seus. E o mais difícil: mostrar que está à altura de tamanho desafio.

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