Entrevista:O Estado inteligente

sexta-feira, julho 08, 2005

CLÓVIS ROSSI A renúncia branca

folha de s paulo

  SÃO PAULO - O convite do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao deputado Delfim Netto (PP-SP) para elaborar uma pajelança econômica que tomou o codinome de "déficit nominal zero" eqüivale à renúncia branca de Lula. Exagero? Decida você mesmo, acompanhando o seguinte ajuda-memória:
1 - Lula nasceu para a vida sindical combatendo a política econômica da ditadura, a cargo do então todo-poderoso czar Delfim Netto.
2 - Lula dificilmente teria sido presidente da República não fosse o fato de ter liderado greves no ABC -contra a política econômica de Delfim.
3 - Lula e Delfim Netto, durante o Congresso constituinte (1986/88), votaram sempre de maneira oposta em todas as questões relevantes.
4 - Lula foi candidato em todas as quatro eleições presidenciais após o fim da ditadura. Delfim Netto, em todas as quatro, apoiou outros candidatos (Paulo Maluf, por exemplo).
Conclusão inescapável: ao chamar agora Delfim Netto para fazer um plano econômico, Lula está dizendo que toda a sua vida foi um tremendo equívoco, que sempre esteve do lado errado, que tudo o que aprendeu não era certo e que os companheiros que o cercam ou cercavam são todos uns tolinhos, inúteis na hora de elaborar uma nova política econômica.
O histórico demonstra que o equívoco não foi apenas de um ou dois dias, de um ou dois meses, de um ou dois anos, mas da vida pública todinha, inteirinha.
Se tudo o que aprendeu era errado, não há a mais leve garantia de que possa aprender alguma coisa agora, no pouco tempo que lhe resta de Presidência, pelo menos no primeiro mandato. Logo, só lhe sobra recorrer a um adversário.
Exatamente como fez ao convidar para parceiro o deputado Roberto Jefferson. Não por acaso o cidadão que começou a implodir a Presidência Lula.

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