Entrevista:O Estado inteligente

sexta-feira, julho 22, 2005

ELIANE CANTANHÊDE O "fator Alencar"

Folha de S Paulo
 BRASÍLIA - O meio político discute há dois anos um cenário eleitoral para 2006 limitado a dois pólos: PT e PSDB. A crise política, porém, pode provocar surpresas. Aliás, elas são sempre muito comuns em política.
Lula não está morto, mas está de mal a pior, mesmo que as pesquisas indiquem popularidade estável. E o PSDB voltou a embaralhar as cartas e não escapa ileso desse vendaval de escândalos. Quando se fala em "caixa dois", ninguém escapa.
Heloísa Helena, de um PSOL novinho em folha, deve desequilibrar esse jogo, distribuindo a lama, cobrando coerência e atraindo as atenções do eleitorado órfão de esquerda. E não se pode desconsiderar o vice-presidente, José Alencar.
Curiosamente, ele é o principal "argumento" contra qualquer aventura pró-impeachment de Lula, hipótese que já está na boca dos políticos para quem quiser e souber ouvir, mas só é considerada como última das últimas possibilidades.
Todo dia recebo e-mails, entre outros, perguntando o porque desse cerco de proteção a Lula, como se ele pairasse acima do governo e não tivesse nada com o PT, com o "mensalão", com os desvios nos Correios, com o aparelhamento do Banco do Brasil, com o negócio da Telemar com seu filho. Há duas respostas. Uma é o que Lula significa para o país. Outra é o "fator Alencar".
De um lado, setores empresariais e políticos temem que Alencar, assumindo, desarticule a economia. De outro, oposto, que ele tome medidas populistas e agregue algo decisivo aos seus naturais apoios no empresariado (ele próprio é próspero empresário) e na área militar (como ministro da Defesa): popularidade.
Nesse caso, Alencar poderia ser um candidato mais difícil para os tucanos do que um Lula estropiado. Mais: assumindo ou não, Alencar só pensa nisso -em ser candidato.
Por mais que os cidadãos estejam perplexos e desencantados, a campanha de 2006 promete fortes emoções...

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