Entrevista:O Estado inteligente

quarta-feira, julho 20, 2005

Editorial de A Folha de S Paulo TROCA DE PAPÉIS

 Depois de antecipar o pagamento de US$ 5,1 bilhões devidos ao FMI e anunciar novas compras de moeda estrangeira para honrar os compromissos externos do Tesouro, o governo brasileiro tomou mais uma decisão que pode melhorar as condições de solvência do país. O Tesouro Nacional decidiu trocar o C-Bond por um novo título que pagará a mesma taxa de juros (8% ao ano), mas com um prazo de vencimento mais longo. O novo bônus terá um prazo de carência no pagamento do principal, transferindo as amortizações para o futuro.
Dessa forma, o Tesouro procura melhorar o perfil de endividamento bem como retirar de circulação um título lançado quando da reestruturação da dívida externa brasileira em 1994. Segundo o BC, o estoque de C-Bonds em mãos do mercado soma US$ 5,6 bilhões. Até 2003, era o bônus com maior liquidez entre os títulos dos países emergentes.
Espera-se que a substituição de um título associado a uma operação forçada de reestruturação de dívida por novos papéis possa reduzir o risco-país, como ocorreu com o México. Com efeito, o C-Bond perderá peso no risco Brasil calculado pelo banco JP Morgan, o que poderá diminuir os juros nas captações externas.
Trata-se, portanto, de uma operação oportuna, pois reduz as incertezas quanto ao refinanciamento da dívida brasileira e melhora as condições de acesso ao mercado financeiro internacional. O excelente desempenho do comércio exterior brasileiro, cujo superávit comercial superou US$ 22,3 bilhões até meados de julho, representando um crescimento de 34% sobre o registrado no mesmo período de 2004, parece permitir uma atuação mais agressiva na recomposição das reservas internacionais bem como na redução da volatilidade da taxa de câmbio.
O país vai melhorando suas condições externas, mas é preciso que esses ganhos se traduzam em mais dinamismo econômico, o que requer a redução dos juros internos.

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