Entrevista:O Estado inteligente

quarta-feira, julho 20, 2005

CLÓVIS ROSSI A estrela e o horror

 

  SÃO PAULO - É francamente para um estudo de caso da política universal a transformação sofrida por Luiz Inácio Lula da Silva a partir do instante em que assumiu a Presidência da República.
Já se falou um montão sobre o abandono das bandeiras históricas dele e de seu partido, em especial em matéria de política econômica.
Deu-se nesse caso o seguinte fenômeno: Lula tinha meia dúzia ou pouco mais de afirmações sobre outro tanto de temas nacionais. Ao chegar ao poder, achou que todas não passavam de "bravatas" e mandou-as para o lixo da história.
Como nem ele nem seus imediatos tinham uma única idéia diferente das velhas "bravatas" para pôr no lugar, passou a seguir o manual básico da ortodoxia.
Na área social, aumentou, de fato, ao menos segundo a propaganda oficial, o número de beneficiados pelos programas de transferência de renda, o elegante nome que se dá ao "sopão para os pobres". Mas inclusão, que era uma das "bravatas" de sempre, nadica de nada.
A esse cenário, já desolador, pelo que caracteriza de estelionato eleitoral, soma-se agora o abandono também do partido. Na entrevista que o "Fantástico" divulgou no domingo, Lula parece envergonhado do PT, a ponto de dizer, muito rapidamente, que foi "apenas" três anos presidente da legenda, como se não tivesse sido também seu fundador, presidente de honra, referência principal e único candidato presidencial que o partido teve em toda a sua história.
Não é esse mesmo Luiz Inácio quem exibiu orgulhoso a estrelinha do PT na lapela durante a visita a George Walker Bush, pouco antes da posse? Não foi na residência oficial do mesmo Luiz Inácio que se desenhou uma estrela vermelha no gramado, para horror dos puristas zelosos do patrimônio histórico nacional?
Agora, o horror é de Lula em relação à estrela vermelha? É tarde. Não há erro nem pena do PT que não respingue (pelo menos) em Lula.

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