o estado de s paulo
A voz do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso o presidente Luiz Inácio da Silva até poderá não ouvir nos próximos 15 dias; FH sai de cena alguns dias para atender a compromissos acadêmicos na Itália e na Grécia, mas não deixa por aqui nenhuma orientação - ao contrário - no sentido de o PSDB entrar em entendimento com o PT e, assim, tentar dar uma trégua à crise.
O ex-presidente não abraça a tese do governo de união nacional - porque não cabe à oposição resolver problemas que não criou -, mas rejeita com igual ênfase ofensivas de guerra. “Não podemos pôr fogo, mas não vamos jogar água fria”, costuma dizer. O raciocínio é simples: soluções de ruptura não interessam a ninguém. São, na visão dele, institucionalmente perigosas, politicamente inadequadas e eleitoralmente contraproducentes.
O melhor mesmo, no modo tucano de ver a crise, é Lula seguir o curso do enfraquecimento político para chegar em 2006 pronto para ser derrotado nas urnas. É também a ótica pela qual o PFL enxerga os acontecimentos, embora o partido use um tom decibéis acima do empregado pelos tucanos. “Não queremos conversa com esse pessoal, achamos que Lula deve ser condenado a disputar a eleição de 2006 para explicar à população que é honesto. Tenho para mim que desse jeito não chega ao segundo turno”, diz o presidente do PFL, senador Jorge Bornhausen.
Como FH, Bornhausen não vê razão para a oposição se mexer muito. Movimentos bruscos, agora, poderiam servir de combustível a uma reação também radical, de caráter popular personalista, abrindo a Lula a chance de usar de sua representação simbólica para tentar assumir interlocução direta com as camadas menos informadas, à margem dos instrumentos institucionais.
O principal deles, um Congresso desmoralizado pela percepção de que “todos os gatos são pardos”. Daí, na visão tucana, a necessidade de o PSDB recusar o papel de sócio nos malfeitos ancestrais da política brasileira. O raciocínio a embasar este argumento é de que corrupção sempre houve, mas de um grupo organizado para, em nome de um partido, arrecadar recursos por meio da máquina pública, disso nunca ninguém tinha ouvido falar.
Procurado por Márcio Thomaz Bastos há cerca de dez dias, Fernando Henrique ficou com a nítida impressão de que o ministro da Justiça tem hoje a missão primordial, senão única, de “proteger o rei”. Em uma hora e meia de conversa, o ministro da Justiça não pronunciou a palavra “impeachment” nem abordou diretamente o assunto, mas deu ao anfitrião que o recebia em seu apartamento do bairro de Higienópolis, em São Paulo, a sensação de que havia ido sondar o ambiente para saber se o adversário estava com disposição de enveredar pelo terreno do crime de responsabilidade.
Thomaz Bastos saiu de lá com a seguinte informação: o PSDB não fará cobranças de sanções penais - embora não descarte a hipótese de os fatos virem a falar por si nesse campo -, mas na campanha lutará pesado na política. Resumidamente, FH disse ao ministro que os tucanos não se envolverão em manobras que possam dar margem à tese do golpe, mas também não farão acordos de apaziguamento que joguem o partido contra a vontade popular.
Sobre ir ao presidente Lula para ter com ele uma conversa a respeito da crise, Fernando Henrique nada tem a opor. Desde que seja um gesto de caráter público, por iniciativa do presidente, com uma pauta bem definida. Fora disso, o tucano não vê necessidade nem utilidade numa aproximação.
Também quanto a conversas, o PFL é bem mais radical. Enquanto políticos como FH, Aécio Neves, Arthur Virgílio e Tasso Jereissati de alguma maneira freqüentam as pontes estendidas pelo Palácio do Planalto, Jorge Bornhausen conta que seu partido procurado, recusou. “Comigo ninguém veio falar, acho que não têm coragem, mas gente importante do PFL já foi procurada pelos ministros da Justiça e da Fazenda”, conta o presidente do partido, para quem o melhor é ficar cada um no seu canto.
Não critica o PSDB - publicamente, diga-se -, acha que os tucanos devem fazer o que “acharem melhor”, mas prefere ficar na posição definida por ele como “inflexível”. Não quer nada do governo e não vê o que o PFL possa ter a oferecer. A despeito da diferença nas maneiras e no tom da voz, PSDB e PFL pretendem o mesmo: distância, desgaste e embate com o adversário fraco em 2006.
Contraperfil
O prefeito do Rio de Janeiro, César Maia, envia comentário “de professor”, abstraindo sua condição de pré-candidato à presidência pelo PFL. “Lula vai sobreviver como pessoa física, mas não como pessoa jurídica. Seu perfil de ‘brasileiro cordial’ se torna eleitoralmente perdedor e, com ele, inviáveis também Geraldo Alckmin e Anthony Garotinho, que fazem esse gênero.” O perfil vitorioso para 2006, diz ele, será o “contraperfil” de Lula. Na opinião do prefeito, dois políticos enquadram-se no figurino: José Serra e Ciro Gomes. Inimigos de morte, aliás.
Entrevista:O Estado inteligente
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