Assessor do irmão de José Genoíno,
presidente do PT, é preso com uma
montanha de dinheiro
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Divulgação | COLHEITA FARTA O assessor do PT Vieira da Silva: os 100 000 dólares e os 200 000 reais encontrados pela PF vieram da "venda de legumes". Pode? |
Ao longo de quase dois meses seguidos de crise, o PT já foi acusado de pagar propina a parlamentares, promover tráfico de influência e partidarizar a máquina do governo federal. Na sexta-feira passada, a legenda viu-se envolvida em um novo – e talvez o mais enfático – episódio entre os tantos que vieram à tona nas últimas semanas. José Adalberto Vieira da Silva, que tentava embarcar em um vôo de São Paulo para Fortaleza, foi preso carregando 100.000 dólares e 200.000 reais em espécie. Detido em flagrante por agentes da Polícia Federal e levado para a delegacia do aeroporto, Vieira da Silva disse que era agricultor e que o dinheiro era fruto da venda de legumes efetuada na Ceagesp, central de abastecimento de frutas e hortaliças em São Paulo. Na verdade, Vieira da Silva é muito mais que isso. Secretário de organização do Diretório Estadual do PT no Ceará, ele também foi candidato a vereador pelo partido em 2000, na cidade de Aracati, e trabalha como assessor do deputado estadual José Nobre Guimarães (PT-CE). Líder da bancada do PT na Assembléia Legislativa do Ceará, Guimarães é irmão de José Genoíno, presidente nacional do PT. No site oficial do PT no Ceará, uma biografia de Guimarães o aponta como coordenador da campanha presidencial de 2002 no estado, "por orientação de Lula".
Dida Sampaio/AE | Marcio Fernandes/AE |
EM FAMÍLIA |
Vieira da Silva, de 39 anos, foi preso no fim da manhã de sexta-feira, quando embarcava para Fortaleza. A Polícia Federal detectou a presença de uma grande quantidade de dinheiro em espécie na valise de mão que o assessor submeteu ao raio X. Os policiais perguntaram ao secretário de organização do PT cearense quanto ele carregava. Vieira da Silva disse que eram 80.000 reais. Na contagem, porém, os agentes descobriram que a mala escondia 200.000 reais. Perguntaram, então, ao petista se ele carregava mais dinheiro no corpo. Mesmo diante da negativa, os agentes o revistaram. Descobriram mais de 100.000 dólares ocultos sob sua cueca, embrulhados em sacos plásticos. Vieira da Silva ainda levava consigo uma agenda e atas de reuniões do PT. O assessor é filiado ao partido há pelo menos quinze anos e, há três, trabalha com o deputado Guimarães. O parlamentar disse não ter a menor idéia do motivo pelo qual um funcionário que ganha cerca de 2.000 reais mensais carregava uma quantia 220 vezes maior. "Nem sabia que ele estava em São Paulo. Não sei o que ele veio fazer aqui", disse (impressionante como esses petistas nunca sabem de nada). Coincidentemente, o deputado cearense estava também em São Paulo, participando de uma reunião do PT. É um caso raro de chefe que não sabe o que o subordinado faz e nem onde ele se encontra – ainda que os dois se encontrem na mesma cidade.
Esta, definitivamente, não foi uma boa semana para o PT. Também na sexta-feira, o jornal O Globo publicou uma denúncia envolvendo o tesoureiro afastado do partido, Delúbio Soares, e malas de dólares. Wendell Resende de Oliveira, ex-motorista da deputada federal Neyde Aparecida (PT-GO), contou em entrevista que, no auge da campanha eleitoral do ano passado, viajou de Goiânia para São Paulo, a mando da deputada, para buscar 200.000 dólares. Segundo o motorista, a bolada foi apanhada no Diretório Nacional do PT, com a secretária do então tesoureiro Delúbio Soares, e colocada em uma bolsa. Teria servido para custear campanhas de políticos aliados. Dólares em malas, dólares na cueca. É, a vida anda fácil para o PT.
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