Entrevista:O Estado inteligente

sábado, julho 16, 2005

CLÓVIS ROSSI O nervo exposto

Folha de S Paulo
PARIS - Sabe aquela pessoa que está com o nervo exposto? Por instinto, protege-se sempre, temerosa de que toquem o ponto nevrálgico.
Mas, se mesmo assim houver um toque na região atingida, contrai-se vigorosamente como gato que se prepara para a defesa contra um atacante -suposto ou real.
Estou descrevendo o que pareceu ser a atitude do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em seus três dias de Paris. Descrição aliás doada de graça pelo excelente jornalista chamado Raymundo Costa, ex-Folha, hoje no "Valor Econômico".
Ontem, durante seu comparecimento ante os jornalistas, no palácio dos Campos Elíseos, Lula exibia fisionomia carregada, pesada. Enquanto seu colega francês Jacques Chirac falava, parecia ausente, longe, muito longe dali.
Pouco mais tarde, na breve visita à réplica do 14-bis, no Museu do Ar e do Espaço, até apressava o passo da mulher, Marisa, embora só estivessem cercados pela própria comitiva e por seguranças. Jornalistas dos quais fugiu sempre. Éramos tão poucos que nem conseguiríamos forçá-lo a parar para conversar.
Essa impressão, além de Raymundo Costa, foi compartilhada por vários companheiros que, por serem de Brasília, têm uma convivência mais constante com Lula e podem, por isso, fazer comparações. Eu posso comparar com o que conheço dele após quase 30 anos de acompanhar suas atividades, às vezes intermitentemente, às vezes com grande freqüência e proximidade.
Pois bem: acho que nunca o vi tão tenso, tão com o tal nervo exposto. Combina à perfeição, portanto, com a informação de um amigo próximo de Lula, no começo do mês, segundo a qual ele estava mais triste do que quando perdia eleição.
Não vou tirar conclusões ou fazer ilações, até porque confesso que não sei exatamente quais seriam. Fica só o registro, por enquanto, como uma espécie de enviado especial do leitor junto ao presidente.

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