Entrevista:O Estado inteligente

domingo, julho 24, 2005

CLÓVIS ROSSI A elite e a cabeça de Lula

Folha de S Paulo
 SÃO PAULO - Faz muito bem o presidente Lula em não baixar a cabeça para as elites.
Já de cara, aliás, recusou os nomes que a elite queria impor para o Banco Central, terminando por indicar o grande líder proletário Henrique de Campos Meirelles, egresso de uma das entidades mais notórias no campo da esquerda internacional, um certo BankBoston.
De tal resistência e de tal nomeação, decorrem os juros populares hoje praticados no país, para desespero da elite de rentistas.
Já imaginou, em outro exemplo, o escândalo que seria uma sociedade entre o filho do presidente e o braço telefônico do imperialismo espanhol, a Telefonica?
Não é mais popular associar-se a uma pequena empresa de capital nacional, como a Telemar?
Bem faz também a Petrobras ao entregar serviços a uma cooperativa de trabalhadores braçais como a GDK, tão popular que o único mimo que lhe ocorreu dar ao secretário-geral do partido de Lula foi um jipezinho merreca. Fosse a elite, daria uma Ferrari Testarossa, e haveria suspeitas de favorecimento, claro.
Faz bem Lula também em resistir aos gritos da elite para substituir seu revolucionário ministério. Cede apenas ao "sai daí" de Roberto Jefferson, notório comandante-em-chefe do Soviete de Soldados, Camponeses e Cantores de Ópera e ex-chefe da tropa de choque de Fernando Collor de Mello, aquele que vivia falando dos "descamisados", lembra-se?
Ou então cede também a Severino Cavalcanti, outro modesto político que também abomina as elites, mas ama os parentes, como convém a todo grande revolucionário.
A resistência às elites deve ter contaminado outro notório revolucionário, um certo Delúbio Soares, que despreza os grandes bancos da elite para socializar o caixa dois com bancos do povo, como o Rural e o BMG.
Nesse ritmo, este país ainda vai virar a primeira República Socialista Soviética tropical.

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