Entrevista:O Estado inteligente

domingo, julho 10, 2005

CLÓVIS ROSSI Além de plumas e estrelas

folha de s paulo

  LONDRES - A sabedoria convencional diz que 2006 repetirá a disputa PT x PSDB. Pode ser uma sabedoria equivocada.
Voltemos um pouco a 2002, ano em que houve inicialmente a busca, pelo eleitor, do novo ou do diferente, seja lá o que signifique.
Começou com Roseana Sarney (PFL), que até chegou a liderar as pesquisas, até ser dinamitada por uma pilha de dinheiro encontrada em escritório de sua turma (ah, o financiamento de campanha).
Depois, Ciro Gomes (então PPS), começou a subir nas pesquisas até tropeçar na própria língua comprida e na compulsão por dizer mentiras (pequenas, mas mentiras).
Só aí, já na reta final, é que o eleitorado decantou-se por Luiz Inácio Lula da Silva e José Serra.
Voltemos a 2006: você vê alguma razão para que essa busca pelo novo e pelo diferente não reapareça? A rigor, deve voltar até com mais força, porque:
1 - O governo do PT, além de não ter feito a mudança que era o fator de atração do voto, ainda enroscou-se na baita crise cujos desdobramentos são imprevisíveis. Perdeu fatalmente eleitores, ainda que seja cedo para dizer quantos.
2 - Nem por isso, no entanto, há um ensurdecedor grito de "volta, FHC" ou a consagração do modelo tucano de governar.
Logo, há, sim, todas as razões para supor que a busca iniciada em 2002, mas abortada, reapareça no ano que vem. Claro que, em sendo Brasil, pode sempre surgir a tese de que, se o governo do PT não é bom, bom só pode ser o governo do PSDB.
Bobagem. Como a política se futebolizou, desaparecidas quase todas as diferenças ideológicas, vale dizer que não é porque o Flamengo está ameaçado de rebaixamento que o Vasco se tornou um grande esquadrão. Estão ambos na zona de retrocesso. PT e PSDB podem não correr risco de rebaixamento em 2006, mas nada garante que a disputa do título se dará apenas entre eles.

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