Entrevista:O Estado inteligente

segunda-feira, junho 02, 2008

Diplomacia fragmentada

FOLHA DE S PULO EDITORIAL
A DIPLOMACIA do governo Lula não raro viola princípios consagrados que norteavam a atuação do Itamaraty. Depois de abster-se na moção que exigia o julgamento dos responsáveis pelo genocídio de Darfur (Sudão) e de coonestar a fraude eleitoral no Zimbábue, o Brasil decidiu agora ficar de fora do tratado internacional que bane as bombas de dispersão, as quais representam uma grave ameaça à população civil.
Na sexta-feira, 111 países reunidos em Dublin, na Irlanda, assinaram o acordo que proíbe a fabricação e prevê a destruição dos estoques hoje existentes desse gênero de armamento. O Brasil, ao lado de Estados Unidos, Rússia, Índia, Paquistão, Israel e Colômbia, foi uma das 34 nações que optaram por não aderir ao tratado.
O Itamaraty procura justificar-se com desculpas esfarrapadas, como a de que haveria foros mais adequados para esse tipo de assunto. Mais diretos, os militares brasileiros afirmam considerar que esse gênero de artefato amplia o poder de fogo do Estado e desencoraja ações bélicas contra o país. O Brasil fabrica e exporta bombas de dispersão, inclusive para áreas de conflito como o Oriente Médio.
O problema com as bombas de dispersão é que seu potencial de destruição se prolonga muito além do confronto. Trata-se de um grande artefato que espalha centenas de microbombas por uma área equivalente à de dois ou três campos de futebol. Entre 10% e 40% dessas submunições não chegam a explodir e passam a representar um risco permanente à população, em especial para crianças que podem encontrar e inadvertidamente detonar uma dessas microbombas décadas depois de lançada.
Não há pragmatismo diplomático, dissuasão militar ou saldo comercial que justifique a posição adotada pelo Brasil.

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