Da última vez que um governante teve a brilhante idéia de caçar bois no pasto produziu-se um desastre político e administrativo de rara magnitude. Político porque o autor da idéia foi levado ao ridículo. Administrativo porque a caçada foi malsucedida - e não poderia ter sido de outra forma.
Não posso garantir que foi o então presidente da República José Sarney que um dia acordou invocado e ao invés de telefonar para Bush, que naquela época ainda dirigia bêbado pelas estradas do Taxas, disse primeiro aos seus botões:
- Sabe de uma coisa? Vou mandar prender bois.
Duvido que tenha sido ele. Mas foi no governo dele, quando o Plano Cruzado introduzira uma nova moeda e congelara preços e salários, que a polícia saiu por aí atrás de bois. Usou tropas terrestres e aéreas. O mar foi deixado em paz porque não há pastos próximos dele.
No primeiro momento, o congelamento dos preços deu a Sarney o mais alto índice de aprovação popular nunca antes ou depois alcançado por um presidente. O índice de aprovação obtido por Lula até aqui nem se compara com o desfrutado por Sarney em um período de 10 meses.
O Cruzado elegeu 22 governadores do PMDB em um total possível de 23. Um arraso. Dali a pouco mais de um ano, o ônibus que no Rio de Janeiro conduzia Sarney e sua comitiva em viagem de trabalho foi apedrejado por manifestantes furiosos. Acabara o congelamento. Sobrara o logro político.
Mas a propósito de que mesmo revisito episódio tão antigo? Ah, sim, a propósito da ameaça feita pelo ministro Carlos ("Jovens Tardes de Domingo") Minc, do Meio Ambiente, de caçar bois na Amazônia para travar o crescimento acelerado do desmatamento.
Está na hora da Sociedade Protetora dos Animais, das Ongs que se preocupam com a nossa fauna e de todas as boas e desinteressadas almas deste país saírem em defesa dos bois que pastam em qualquer lugar onde possam ser vítimas da ira do Tremendão da Esplanada dos Ministérios.
Em geral, salvo aqueles criados para matar toureiros e acabarem mortos, os bois são animais pacíficos, mansos, tolerantes, contemplativos. Vão para onde seus donos os conduzirem. E comem o que lhes dão. Nao se lhes pode atribuir crime algum.
A se punir com prisão quem devasta a Amazônia, que Minc e sua legião de combatentes saiam à procura dos donos dos bois. E dos que derubam árvores para lucrar com a venda de madeira. E dos arrozeiros. E daqueles dispostos a plantar soja até nos Andes.
Como observou Lula ao dar posse a Minc no lugar de Marina Silva, em menos de 10 dias o novo ministro já havia falado mais do que seu antecessora falou durante seis anos. De fato, Minc não resiste sequer à sedução do flash de uma barreira eletrônica. É mais candidato a celebridade do que a administrador.
Ou cala a boca e começa a mostrar serviço ou o melhor será devolvê-lo ao Posto Nove de Ipanema. Ao nove, não, que prefiro evitar cruzar com ele por ali.
Entrevista:O Estado inteligente
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