O fórmula para medir o crescimento brasileiro mudou, como vocês sabem. Abaixo, reproduzo texto do Estadão On Line. Volto em seguida: A economia do País cresceu mais do que o informado anteriormente entre os anos de 2002 e 2005, segundo a nova metodologia adotada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para o cálculo do Produto Interno Bruto (PIB, o conjunto de todas as riquezas geradas no País em um ano). De acordo com os dados divulgados nesta quarta-feira, 21, pelo IBGE, o PIB de 2005 foi revisado de um crescimento de 2,3% para uma expansão de 2,9% com a nova metodologia; o PIB de 2004 subiu de 4,9% para 5,7%; o de 2003 foi recalculado de 0,5% para 1,1%; e o de 2002 saiu de 1,9% para 2,7%. As informações divulgadas pelo Instituto trazem uma nova série com a variação e os valores correntes do PIB e incluem também os valores de 2000 e 2001, em que o índice não apresentou alta ante os dados anteriormente conhecidos. O PIB de 2001 manteve-se inalterado em 1,3% e o PIB de 2000 foi atualizado de 4,4% para 4,3%. No caso dos valores correntes, houve aumento do PIB anual em reais de toda a série. Em 2005, o PIB foi de R$ 2,148 trilhões, ou 10,9% superior ao valor divulgado anteriormente, de R$ 1,938 trilhão. Em 2004, o PIB em valores correntes passou de R$ 1,767 trilhão para R$ 1,941 trilhão; o de 2003 saiu de R$ 1,556 trilhão para R$ 1,699 trilhão, o de 2002 passou de R$ 1,346 trilhão para R$ 1,478 trilhão; o de 2001 passou de R$ 1,199 trilhão para R$ 1,302 trilhão; e o de 2000 subiu de R$ 1,101 trilhão para R$ 1,179 trilhão. Investimento Junto com a nova série anual do PIB, o IBGE divulgou também as novas taxas de investimento (Formação Bruta de Capital Fixo sobre o PIB) de 2000 a 2005. As revisões, todas para taxas menores, foram as seguintes: em 2005, de 19,9% para 16,3%; 2004, de 19,6% para 16,1%; 2003, de 17,8% para 15,3%; 2002, de 18,3% para 16,4%; 2001, de 19,5% para 17%; e 2000, de 19,3% para 16,8%. Entre os elogios à nova metodologia do IBGE para o cálculo do PIB estão a incorporação das pesquisas anuais de indústria, comércio, serviços e construção na base de dados, com informações mais recentes e amplas; melhor medição da administração pública - no lugar do crescimento populacional como referência do crescimento físico da produção do setor público, novos indicadores serão usados, como a evolução do funcionalismo; abertura dos dados da agropecuária, com resultados para lavoura e pecuária. Os técnicos do IBGE vão explicar ainda nesta quarta toda a revisão, que inclui também os valores do PIB per capita e dos demais componentes do indicador. A taxa de 2006 calculada de acordo com a nova metodologia será divulgada na próxima quarta-feira, Voltei Vamos ver. É um consenso entre os técnicos da área que o Brasil avaliava mal o seu PIB. O cálculo é complicado. Setores da economia têm seu valor ponderado no índice final. O país subestimava, por exemplo, o peso dos setores de tecnologia e superestimava a construção civil. Ok. Quanto mais preciso o instrumento de medição, melhor. Mas é claro que é preciso ficar atento. Eu tenho algumas dúvidas: 1) O debate sobre a revisão dos critérios do IBGE é antigo. Por que a divulgação agora, com certo estardalhaço? 2) Se era para ter um quadro consistente do crescimento da economia nos últimos anos, por que ficaram fora do cálculo, por exemplo, os anos da privatização das estatais, quando houve enorme ingresso de capital externo no país, inclusive em investimento produtivo? Grande coragem do IBGE e do governo Lula teria sido rever o crescimento de 1995 a esta data; 3) Do governo FHC, avaliaram-se três anos: 2000, 2001 e 2002. Curiosamente, nos dois primeiros anos, houve uma coincidência espantosa entre as metodologias antiga e nova. Só no de 2002 houve variação positiva: de 1,9% para 2,7%. Como se explica? 4) Quando se trata do governo Lula, a coisa muda de figura: o de 2003 sobre de 0,5% para 1,1%; o de 2004 vai de 4,9% para 5,7%, e o de 2005, de 2,3% para 2,9%. É claro que se esperam números mais robustos também para 2006. Por que o novo critério é melhor para Lula do que para FHC? 5) Desde já, pode-se tirar uma conclusão empírica, sem qualquer juízo de valor: por qualquer razão, metafísica talvez, os novos critérios para avaliar o PIB beneficiam mais o modo Lula de governar do que o modo FHC. Dos três anos reavaliados do governo tucano, apenas um viu o índice mover para cima. Isso tem explicação econômica? 6) Crescimento da economia tem como base, claro, o ano anterior. Se o IBGE tivesse revisto o crescimento desde, digamos, 1995, então se teria uma base sólida de dados para saber qual é a nossa curva de crescimento. Assim como está, há no ar um forte cheiro de mistificação e de manipulação política. Quer dizer que réguas com marcações distintas deixam dois dos anos avaliados (2000 e 2001) absolutamente inalterados, e só em 2002 é que o antigo critério começa a se mostrar incapaz de dar conta da realidade? 7) Parece-me que o ano de 2002 (último de FHC) entra nessa história por uma questão, huuummm, aristotélica: para tornar os demais números verossímeis. 8) Isso não quer dizer que os novos critérios não possam ser úteis para se ter uma panorama mais realista de como se expande o PIB brasileiro; 9) O que vinha incomodando Lula terrivelmente? A média de crescimento que ele havia produzido era a mesma da de FHC. Não é mais. O novo critério lhe diz que o país cresceu mais sob sua gestão. “Ah, mas foram revistos os números de FHC também”. Tadinho de FHC!!! no seu caso, a nova metodologia diz que a antiga estava certa em duas das três medições. 10) Vocês viram que a taxa de investimento caiu. Aí, não tem jeito. Como se está falando de grana, tutu, bufunfa, não há revisão do IBGE que faça entrar um dinheiro que não entrou. Não é uma questão de metodologia. Se esticaram o PIB, a taxa de investimento cai mesmo. |
Por Reinaldo Azevedo | |
Entrevista:O Estado inteligente
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quarta-feira, março 21, 2007
Querida, espichei o PIB - dez questões
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