Depois de um início com tropeços, em que a governadora parecia seguir caminhos já percorridos, que, na verdade, apenas levaram à situação atual, as novas sinalizações políticas indicam uma mudança de atitude. Apresentando claramente à sociedade gaúcha os graves problemas das finanças públicas, Yeda Crusius está tornando possível que se conheça melhor os impasses vividos. Não se trata de uma briga partidária, mas de responsabilidade estatal. A partir do momento em que a verdade é apresentada, fica muito mais difícil para os diferentes interesses corporativos existentes fazerem pleitos irrealistas, que não podem ser atendidos. Não é justo, por exemplo, que os salários dos membros do Executivo estejam praticamente congelados, enquanto os do Legislativo e Judiciário não sofrem as mesmas restrições. O bolo é um só. Se a fatia de um é maior, a do outro será necessariamente menor. A realidade impõe restrições e cabe à governadora fazer face a elas, mostrando a todos a inadequação entre uma sociedade próspera e um Estado falido que não consegue enfrentar os seus encargos. Sobrecarregar ainda mais a sociedade com impostos tenderia apenas a perpetuar a atual situação, com a repetição dos mesmos erros.
O princípio de realidade está, agora, imperando. O dever de casa começa na própria casa, para que, depois, se apresente à sociedade os ganhos auferidos. O discurso da responsabilidade fiscal, acompanhado de medidas efetivas, está pautando a conduta do atual governo, e em consonância com o programa de campanha. Pode-se, neste sentido, dizer que há coerência entre o que foi anunciado e o que está sendo feito, algo raro no mundo político atual. Se os gaúchos apostaram na mudança, é para que algo novo ocorresse e para que as fórmulas passadas não fossem meramente repetidas. Sob esta ótica, as medidas de controle do fluxo de caixa da Fazenda, adequando mensalmente a despesa à receita, é uma grande inovação. Inovação por ter sido trazida ao serviço público, pois há muito vigora nas empresas e na contabilidade familiar de cada cidadão. Não haveria porque o Estado ter uma situação privilegiada, sobretudo porque depende de recursos alheios, dos que controlam os seus respectivos gastos. A nova governadora coloca-se, assim, no mesmo diapasão de toda a sociedade. Deverá ainda melhor mostrar que a sua responsabilidade é a expressão da responsabilidade de todos.
Dizer não a novas demandas que aumentem o déficit do Estado torna-se uma medida coerente com o que está sendo realizado. A oposição de determinados deputados em relação a medidas tomadas – e a tomar – situa-se no baixo nível da luta política, na medida em que se situa na posição daqueles que são irresponsáveis no manejo da coisa pública. De nada adianta sempre culpar o outro dos problemas que não são enfrentados em sua seara própria, a do governo enquanto tal, a da gestão responsável. Não deixa de causar surpresa que deputados de oposição, que criticam as medidas sugeridas pela governadora, são os mesmos que as apóiam em nível municipal ou federal, exibindo, apenas, uma total falta de coerência. A política só se escreverá com P maiúsculo se a coisa pública se situar acima das coisas particulares. Infelizmente, o país vive um momento de p minúsculo.
A notícia de que ontem a governadora Yeda Crusius e o empresário Jorge Gerdau Johannpeter, em nome do PGPQ, assinaram um termo de cooperação técnica visando a melhorar a qualidade da gestão pública, dá um novo sinal de que o discurso de campanha entra em uma nova etapa de concretização. A ênfase na gestão, com a diminuição das despesas e o aumento das receitas, sem mexer – para cima – nos impostos, é daquelas medidas que se voltam para o futuro, embora não sejam sempre compreendidas no presente imediato. São, no entanto, vitais para que a sociedade gaúcha possa se reencontrar com o seu Estado e os cidadãos com as suas instituições.
Entrevista:O Estado inteligente
- Índice atual:www.indicedeartigosetc.blogspot.com.br/
- INDICE ANTERIOR a Setembro 28, 2008
terça-feira, março 20, 2007
Arquivo do blog
-
▼
2007
(5161)
-
▼
março
(523)
- VEJA Carta ao leitor
- Anna Nicole Smith: a morte foi acidental
- O avanço das hidrelétricas na Amazônia
- A revolução do contêiner
- Malharias catarinenses ganham as passarelas
- Betty Milan, a nova colunista de VEJA
- Hormônios sintéticos contra o envelhecimento
- Médicos receitam estatinas até para crianças
- Quilombolas de todas as cores pleiteiam terras
- Aviação Agora parou de vez
- Atentado contra estudantes africanos em Brasília
- Partidos A fidelidade partidária em julgamento
- Trevisan denunciado por ex-companheiros
- Rabino Henry Sobel é preso por furto
- Roberto Pompeu de Toledo
- Diogo Mainardi
- André Petry
- MILLÔR
- Claudio de Moura Castro
- VEJA Entrevista: Constantino Junior
- Cindacta, a bomba por Guilherme Fiuza
- Dentro do cofre do PCC
- Feitos para crer
- A Gol e a goleada de Constantino Júnior
- Apagão aéreo: Lula entrega tudo o que os controlad...
- Miriam Leitão Razão do avanço
- MERVAL PEREIRA -Visão social
- DORA KRAMER Vacância de responsabilidade
- RUY CASTRO
- FERNANDO RODRIGUES
- CLÓVIS ROSSI
- Leôncio Martins Rodrigues Não dá mais para ignorar...
- Colunas O Globo
- Opinião Estadão
- Dora Kramer - O santo ainda é de barro
- Opinião Folha
- Colunas Folha
- REINALDO AZEVEDO Lula estatiza a isenção jornalist...
- Devagar, quase parando Villas-Bôas Corrêa
- PIB ainda por esclarecer
- Os paradoxos do novo PIB
- Os contratos na Bolívia
- Muito oba-oba para pouco PIB
- Força para os partidos
- Começou a reforma política
- Dora Kramer - Justiça tenta outra vez
- Celso Ming - Melhor na foto
- Alberto Tamer - Irã, em crise, raciona gasolina
- Merval Pereira - Novo patamar
- Míriam Leitão - Visão global
- Pela moralização
- A ministra pode esperar sentada
- Benefícios para a elite- Carlos Alberto Sardenberg
- Indústria, o patão feio do PIB "novo"
- Eliane Cantanhede - Na mosca
- Clóvis Rossi - A pergunta que falta a Lula
- A ONDA POPULISTA por Jorge Bornhausen
- Vôo cego
- Aversão ao cotidiano
- Míriam Leitão - Nova fotografia
- Merval Pereira - Procurando caminhos
- Élio Gaspari - Nem Salazar nem Cunhal. Viva Sousa ...
- Villas-Bôas Corrêa Os três poderes no compasso da...
- Aviões desgovernados
- O debate político e o PIB "novo"
- Peripaque: confissões
- Protestos fúnebres - Ruy Castro
- Clóvis Rossi - Dar entrevista não dói
- Fernando Rodrigues - "Democratas"
- Lula e o apagão aéreo
- CELSO MING Eletrocardiograma de um vivo
- Racismo de Estado por DORA KRAMER
- A lógica do julgamento político
- Valerioduto desviou R$ 39 mi do BB, diz PF
- Entrevista:Demétrio Magnolli- 'É uma incitação ao ...
- 'Não é racismo quando um negro se insurge contra u...
- REINALDO AZEVEDO Matilde e a revolução
- INFINITO ENQUANTO DURA por Adriana Vandoni
- A ministra Matilde Ribeiro tem de ser demitida e p...
- Energia empacada e falta de luz
- Clóvis Rossi - Estatizar o Estado
- Eliane Cantanhede - Multiplicação de aliados
- Painel - Permuta
- Produtor de água- Xico Graziano
- Dora Kramer - Padrão de (má) qualidade
- Celso Ming - A fatia do leão
- Concluir Angra 3
- A moeda de troca no Mercosul- RUBENS BARBOSA
- Pior mesmo é a brutal informalidade- JOSÉ PASTORE
- Míriam Leitão - Bela senhora
- Merval Pereira - Pulseira de segurança
- Luiz Garcia - Decisões longevas, vidas curtas
- Tarso e a verdade- Demétrio Magnoli
- Em cena, o Democratas- Ricardo Noblat
- Desejos, frustrações e distúrbios sociais
- Comemorando o quê?- Carlos Alberto Sardenberg
- Fernando Rodrigues - Lula e oportunidades perdidas
- Força a demonstrar
- Nas águas do futuro- José Serra
- Uma sociedade doente- Luiz Carlos Bresser-Pereira
-
▼
março
(523)
- Blog do Lampreia
- Caio Blinder
- Adriano Pires
- Democracia Politica e novo reformismo
- Blog do VILLA
- Augusto Nunes
- Reinaldo Azevedo
- Conteudo Livre
- Indice anterior a 4 dezembro de 2005
- Google News
- INDICE ATUALIZADO
- INDICE ATE4 DEZEMBRO 2005
- Blog Noblat
- e-agora
- CLIPPING DE NOTICIAS
- truthout
- BLOG JOSIAS DE SOUZA