Artigo |
O Globo |
19/3/2007 |
Está em curso uma importante mudança no ambiente econômico mundial. As torneiras da liquidez global estão sendo fechadas pelos mais importantes bancos centrais do mundo. Após anos de juros excepcionalmente baixos e liquidez extraordinariamente frouxa, há um esforço sincronizado de esfriamento da economia global, em seu quinto ano consecutivo de crescimento acima dos 4% anuais, seqüência inédita no pós-guerra. A maré de liquidez global está baixando, e seus efeitos sobre a economia mundial estão apenas começando. Os preços das ações nas bolsas internacionais caíram com a velocidade da luz, antecipando o som do desaquecimento econômico já encomendado. O primeiro choque na economia americana ocorreu ainda no ano passado, quando foi atingido o setor de construção residencial. O segundo choque, agora visível, alcançou o mercado financeiro, pelo aumento da inadimplência no pagamento das hipotecas. Por enquanto, os danos estão restritos a compartimentos estanques, sem transbordar para a massa de consumidores americanos. O receio é de que se inicie uma espiral de realimentação para baixo, em que as perdas de riqueza causadas pela queda de preços de casas e ações nos Estados Unidos derrubem o consumo e deflagrem uma recessão que reforce novamente a queda das bolsas e do valor das casas. George Soros descreve, como "reflexividade", em "A alquimia das finanças" (1988), essa dinâmica perversa de realimentação entre as expectativas (os preços dos ativos) e os fundamentos (a economia). Destacam-se em meio à turbulência os alertas do ex-presidente do Fed, Alan Greenspan, para os sintomas de sua própria criação: a "complacência irracional" dos investidores (designação de Paul Krugman para uma versão anêmica da "exuberância irracional" de Robert Shiller), a quase completa desatenção aos riscos, a duração excessiva do atual ciclo expansionista (com "boa chance" de uma recessão já no fim de 2007), a conveniência de comprar ouro e a dissolução gradual do valor do dólar nos mercados de moedas. Egrégio soprador de bolhas, Greenspan foi arquiteto de uma sincronização cíclica global, colocando enormes economias regionais no mesmo passo. Ele sabe, decerto, que a recuperação econômica de 2002 a 2006 foi estimulada artificialmente pelos juros baixos nos Estados Unidos, produzindo o superaquecimento imobiliário, a recuperação das bolsas e a excitação do consumo, à base de hipotecas e endividamento excessivo, acima da geração de emprego e renda - ao contrário da expansão de 1995 a 2000, impulsionada por ondas de investimentos das empresas em inovações tecnológicas. Enquanto o mundo mergulha no esforço de desaceleração, o Brasil colhe os frutos do trabalho de estabilização promovido pela antiga equipe econômica (Antonio Palocci, Marcos Lisboa, Joaquim Levy, Affonso Bevilacqua), hoje reduzida ao bunker do Banco Central, onde resiste isolado o presidente Henrique Meirelles. Mas, para que a recuperação tenha fôlego, com base na dinâmica própria do mercado interno, teremos de escapar da armadilha social-democrata que impede as reformas. Neste momento mágico, mais do que um novo ministério, falta uma nova agenda. |
Entrevista:O Estado inteligente
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segunda-feira, março 19, 2007
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