O Globo |
23/3/2007 |
Demorou alguma coisa, mas as autoridades da Saúde parece que finalmente descobriram o grande nó a ser desatado nas relações entre o Estado do Rio e seus cidadãos doentes na região conhecida como Grande Rio. Outro dia, ao tomar posse, o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, afirmou que 80% dos pacientes de um hospital como o Souza Aguiar não precisariam estar lá. Pelo visto, sabia do que estava falando. Num dia desta semana, absolutamente típico, O GLOBO foi conferir. Descobriu na emergência do Souza Aguiar 110 pacientes à espera de diagnóstico e tratamento. Reinava o caos de sempre, já que a capacidade de atendimento é de apenas 30 pessoas de cada vez. Foi-se ver, o ministro tinha acertado na mosca: dos 110, apenas 20 realmente eram casos exigindo atendimento imediato. Muitos cidadãos procuraram o hospital por conta própria, e boa parte estava lá depois de bater com a cara na porta de unidades dos subúrbios e da Baixada. Contribuía para o caos um grupo de presidiários do Hospital Penal, doentes com escolta, muitos deles representando risco para os demais. A presença dos presos era sintomática: esses não eram doentes mal informados. Mal informado, no caso, é o próprio Estado, que até hoje não percebeu a necessidade óbvia de hospitais adequados dentro do sistema penal. Outros cidadãos que procuram grandes hospitais como o Souza Aguiar por conta própria - e, em muitos casos, sem necessidade de fazê-lo - não têm escolha. Falta-lhes outro lugar adequado (ou seja, gratuito e funcionando) para serem diagnosticados e tratados. Em muitos casos, não precisam de atendimento urgente, mesmo que a doença seja grave, talvez fatal. Essas circunstâncias fazem parte de uma história antiga. Na década de 60, o Estado da Guanabara fez uma escolha: preferiu investir no atendimento da população em grandes unidades e deixar em segundo plano um projeto, que existia, de criação de uma rede capilar de postos de saúde. Se esta fosse considerada prioritária, poderia estar hoje resolvendo rapidamente pequenos problemas e reforçando o atendimento de unidades especializadas. Em suma, cuidando de doentes que nunca deveriam bater às portas de unidades destinadas a emergências. A fusão da antiga capital federal com o antigo Estado do Rio escancarou o problema, mas não se pode dizer que o tenha agravado: os hospitais do antigo Distrito Federal sempre foram, como hoje, procurados pelos moradores de municípios vizinhos. Em muitos, as prefeituras não investiam em postos de saúde: gastavam todo o dinheiro em ambulâncias. Continuam fazendo isso. O ministro da Saúde fez um diagnóstico correto sobre o índice de pacientes que não deveriam estar no Souza Aguiar. Mas o problema da saúde pública fluminense não é, como ele disse, uma esfinge a ser decifrada. A solução sempre foi conhecida: uma rede de atendimento combinando postos de saúde, unidades especializadas e hospitais de emergência. Priorizando todo o sistema, não um pedaço dele. Quando ela existir, cada cidadão será atendido como deve ser, onde deve ser. |
Entrevista:O Estado inteligente
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sexta-feira, março 23, 2007
Luiz Garcia - Ambulância, hospital, posto de saúde
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