Entrevista:O Estado inteligente

sábado, março 10, 2007

A guerra de preços dos jornais populares do Rio

Eu abaixo, você abaixa

O segundo jornal popular do Rio diminui
o preço. O primeiro diminui mais ainda


Sandra Brasil

Oscar Cabral
Gigi, a primeira a cortar o preço: "Continuamos com a cara pintada"

Diversas guerras sacodem o Rio de Janeiro, cada uma mais trágica que a outra, mas de uma a população não reclama: a que fez cair significativamente o preço dos jornais populares. O primeiro corte foi de O Dia, anunciado com o previsível estardalhaço na primeira página na sexta-feira 2: o preço baixou de 1,50 para 1 real nos dias de semana, e de 2,70 para 2,30 reais nos domingos. Segundo Gigi Carvalho, a elegante diretora do grupo, a medida foi tomada para reverter nove meses de queda de vendas e foi acompanhada de muito planejamento. "Fizemos pesquisas e constatamos que 50 centavos pesam no bolso dos nossos leitores. Então, adiamos para 2008 os novos investimentos, reduzimos as verbas de marketing e cortamos o preço", diz. A reação foi imediata e fulminante: no dia seguinte, o Extra, seu concorrente mais direto (que só é vendido no Rio, mas, com 265.000 exemplares, está entre as maiores circulações do país), baixou de preço, de 1,10 real para 90 centavos, 10 menos que o concorrente.

Populares e mais populares: o objetivo é atrair quem não lê jornal

Situada a 1 quilômetro de distância do Grupo O Dia, na mesma Rua do Riachuelo, no Centro do Rio, a direção da Infoglobo, empresa responsável pelos jornais O Globo, Extra, Expresso e Diário de S.Paulo, afirma, contra todas as evidências, que vigora a santa paz entre os jornais populares. "Não há nenhuma guerra de preços", diz Agostinho Vieira, diretor da Infoglobo. "O preço mais baixo do Extra é uma promoção de aniversário que vai durar dois meses. Em maio, volta a ser 1,10 real. Temos um produto melhor e não precisamos baixar o preço porque O Dia baixou", afirma. De sua trincheira cor-de-rosa, a cor que a acompanha por toda parte, Gigi (nem pensar em chamá-la pelo nome de batismo, Ligia), herdeira que nunca havia trabalhado, fazia duas horas diárias de ginástica e cuidava dos dois filhos (hoje três) antes de assumir o comando da empresa, há três anos, um depois da morte do pai, afia as lanças: "A gente nunca sabe o que esperar do lado de lá. Continuamos com a cara pintada, prontos para a guerra". Numa coisa os dois grupos concordam: não têm a menor intenção de baixar o preço de seus tablóides ainda mais populares, voltados para os públicos C e D – o Meia Hora, do Grupo O Dia, e o Expresso, do Infoglobo, que custam 50 centavos. Lançado em 2005, o Meia Hora se transformou no principal sucesso de vendas do grupo. "É um jornal de leitura rápida. Conquistamos um público que não lia", comemora Gigi, que nessa faixa desfruta situação inversa – seu tablóide vende quatro vezes mais que o concorrente.

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