Entrevista:O Estado inteligente

quarta-feira, março 14, 2007

Clóvis Rossi - Os inocentes




Folha de S. Paulo
14/3/2007

A educação no Brasil é o desastre conhecido por todos e retratado escandalosamente em cada pesquisa, prova, avaliação, qualquer coisa que sirva como medição. A educação em São Paulo, há 12 anos, dois meses e 13 dias comandado pelo tucanato, que se considera o máximo em matéria de gestão, é um desastre talvez maior ainda pela riqueza do Estado.
Sorte dos paulistas que agora já sabem quem é o culpado. Ninguém.
Ah, talvez os pais.
É a conclusão que se impõe ao ler a entrevista que o ex-secretário de Educação, Gabriel Chalita, deu ontem à Folha a propósito do naufrágio das escolas paulistas (todas), revelado também por este jornal a partir dos exames de avaliação.
"Não há um culpado para esse problema", decreta Chalita.
No único momento em que esboçou algo mais que a fuga à responsabilidade, o ex-secretário culpou os pais, por "essa falta de envolvimento das famílias".
Falta de envolvimento é até um fato real -e lamentável-, mas a ele sobrepõe-se um fato muito mais relevante e muito mais lamentável que é a responsabilidade do Estado por oferecer educação de qualidade, no que vem fracassando rotundamente há anos.
O que ficou do tal "choque de gestão", o bordão preferido de Geraldo Alckmin na campanha pela Presidência? Bom, se não houve boa gestão, o tucanato pelo menos oferece choque. Choque de dedos apontados uns para os outros.
O ministro da Educação do período tucano, o hoje deputado federal Paulo Renato, culpa os secretários, que se culpam uns aos outros. Pior: o desastre tende a se perpetuar, porque a atual secretária, Maria Lúcia Vasconcelos, se disse "alarmada" e "triste" quando Laura Capriglione desta Folha mostrou os números.
Ou seja, ficou sabendo pelo jornal quão "alarmante" é o cenário no setor que comanda.

crossi@uol.com.br

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