O Estado de S. Paulo |
15/3/2007 |
As reservas seguem agora em direção aos US$ 110 bilhões e ainda há quem pergunte por que continuar pagando seguro tão caro para uma economia, a brasileira, que já está encouraçada contra crises. A resposta é que a função das reservas mudou. Houve, sim, uma época em que eram destinadas a acumular gordura para enfrentar tempos de penúria. De alguns anos para cá, os países asiáticos, como a China, passaram a carregar o baú para cumprir uma estratégia mercantilista, que prevê o desenvolvimento baseado no aumento das exportações aos países ricos, especialmente aos Estados Unidos, e não no crescimento do mercado interno. Assim, seria inevitável a acumulação de superávits (saldos comerciais). Os dólares correspondentes a esses saldos passaram a ser remetidos de volta para os Estados Unidos com dupla função: cobrir o déficit comercial americano e financiar o consumo do consumidor de lá, que, com seus dólares de volta, seguiria importando mercadorias asiáticas. A China tem reservas que ultrapassam o nível antes incomensurável de US$ 1 trilhão porque são parte dessa estratégia. O Brasil não tem esse interesse, mas, desde fins de 2004, adotou a política para evitar que sobras de dólares derrubem a cotação da moeda estrangeira no câmbio interno e prejudiquem demais as exportações. Essa operação continua, embora as autoridades aleguem que só pretendem evitar excessiva volatilidade no câmbio. Não dá para dizer que as compras são inúteis. Sem elas, as cotações já teriam ido para abaixo dos R$ 1,50 por dólar. Mas há razões para crer que o Banco Central esteja interessado em seguir nessa tarefa para atender a um terceiro objetivo: apressar o grau de investimento. Grau de investimento é o reconhecimento, pelas agências de classificação de risco, de que um título de dívida está imunizado contra calote. Sem esse certificado, um título de dívida (como os do Brasil) é considerado de interesse apenas para especuladores. Assim, bancos centrais, fundos de pensão, seguradoras, fundos conservadores de investimento e carteiras com ênfase em segurança não podem incorporá-lo a seu patrimônio. Quando um título de dívida soberana atinge o grau de investimento, aumenta a procura por ele, os juros caem e os investimentos aumentam. O principal objetivo da política econômica do Brasil nos 12 últimos anos é a obtenção desse reconhecimento. Na medida em que as reservas se multiplicam, os riscos de que um título soberano de dívida seja caloteado ficam mais baixos. México e Rússia, por exemplo, passaram o calote de sua dívida em 1995 e 1998, respectivamente, e, no entanto, já obtiveram o grau de investimento porque têm o subsolo encharcado de óleo e uma montanha de reservas reluzentes (de US$ 77 bilhões e US$ 306 bilhões, respectivamente). Embora esteja perto da auto-suficiência, o Brasil não exala cheiro de petróleo. Mas se credencia ao grau de investimento à medida que a montanha de dólares for crescendo.
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Entrevista:O Estado inteligente
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quinta-feira, março 15, 2007
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