Entrevista:O Estado inteligente

sábado, fevereiro 03, 2007

Sarkozy faz campanha eleitoral na Inglaterra

Voltem para casa

Sarkozy faz campanha eleitoral em Londres,
uma das maiores "cidades francesas"


Antonio Ribeiro

Philippe Wojazer/Reuters

Sarkozy, sobre Blair, em Londres: "Ele é um dos nossos"

O candidato de centro-direita nas eleições presidenciais francesas, o ministro do Interior, Nicolas Sarkozy, desembarcou, na semana passada, na capital britânica para fazer campanha eleitoral. Os ingleses não decidem quem governa a França, mas Londres, devido aos seus 300 000 habitantes compatriotas de Sarkozy, tornou-se a sexta maior "cidade francesa". É um sinal claro de que algo errado está acontecendo na França. Por que tanta gente emigrou? Por que, a menos de três meses das eleições, Sarkozy – 8 pontos à frente da rival socialista, Ségolène Royal, nas pesquisas – atravessou o Canal da Mancha para, além de pedir votos, fazer um apelo singelo aos descontentes: "Voltem para casa!"?

Em 1979, o PIB da Inglaterra era 25% inferior ao francês. A economia da ilha seguia as pegadas do Império Britânico, a marcha do declínio. Os eleitores ingleses resolveram instalar Margaret Thatcher no governo. Ela privatizou, controlou os sindicatos e cortou na carne do modorrento Estado britânico. Resultado: reverteu o ciclo de encolhimento da economia. Hoje, o PIB britânico é 10% superior ao francês graças à manutenção do thatcherismo pelo primeiro-ministro socialista Tony Blair por três mandatos seguidos. Blair manteve impostos baixos e a política de interferência mínima do Estado na economia. Os franceses moram em um país onde um emprego em cada quatro é oferecido pelo Estado. Na França, o governo fica com mais da metade das riquezas produzidas e a taxa de desemprego não cai abaixo de 8% há 25 anos. Não é de espantar que tantos franceses tenham corrido para a Inglaterra. No total, 1 milhão de franceses saíram do país em busca de empregos.

Do encontro com Blair, Sarkozy saiu com esta sobre o anfitrião: "Os socialistas europeus podem ficar orgulhosos com o desempenho de um dos nossos". Esse time ninguém conhece. Se a esquerda inglesa se rendeu ao liberalismo depois de duas décadas e, desde então, só é reprovada pelos socialistas franceses, a direita francesa continua agarrada ao Estado, uma espécie de tio benevolente que propicia a chegada da decadência em suaves prestações. A volta dos franceses da Inglaterra à França só vai acontecer quando houver a oportunidade de viver melhor em casa. Quem ganha muito também não anda satisfeito na França. O roqueiro Johnny Hallyday, cuja popularidade no país só se iguala a sua obscuridade alhures, foi morar na Suíça, a exemplo de várias celebridades endinheiradas. Johnny, amigo de Sarkozy, se cansou de colocar 70% dos seus ganhos nas mãos do governo. Diz ele: "Enquanto não reformarem esse ISF, imposto de solidariedade sobre a fortuna, nem reduzirem o imposto de renda, eu só volto para cantar".

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