Elas vendem classe executiva a preço
de econômica e querem lucrar
Cintia Borsato
Fotos divulgação | ação |
Há quinze anos, as empresas aéreas que seguem o modelo low cost, low fare (custo baixo, preço baixo) tinham apenas 1% do mercado europeu. Hoje carregam metade de todos os passageiros do Velho Continente. Esse sistema popularizou-se de tal forma que algumas empresas têm passagens aéreas praticamente gratuitas – seus lucros vêm de produtos vendidos no ar e de serviços cobrados em terra. Para concorrerem com elas, as companhias tradicionais aumentaram o número de poltronas econômicas e subiram o preço da executiva. Nessa competição, alguns passageiros ficaram esquecidos: aqueles que querem viajar com mais conforto, mas acham os preços da executiva muito altos. Surge agora uma nova geração de aéreas exclusivamente para atendê-los. A inglesa Silverjet e a francesa L'Avion oferecem aviões só com poltronas e serviços de classe executiva, mas a preços inferiores aos das aéreas tradicionais. A Silverjet voa na rota Londres–Nova York e cobra 999 libras (pouco mais de 4.000 reais) por uma passagem de ida e volta. A British Airways cobra o triplo por serviços semelhantes. Pela L'Avion, voa-se de Paris a Nova York por 1.450 dólares. A mesma viagem sai por 3.800 dólares na Air France. Essas novas companhias, no entanto, operam em aeroportos periféricos.
A Silverjet conta com um único avião, um Boeing 767-200, que foi todo adaptado para dispor exclusivamente de poltronas de classe executiva. São 100 lugares, contra 320 na configuração normal do jato. A meta é ter três aviões até o fim do ano. O fundador da empresa, Lawrence Hunt, assegura que, para cobrir os custos, basta que a taxa de ocupação atinja 65%. "Preços baixos atraem passageiros que viajariam de econômica", diz ele. Mas analistas do setor têm dúvidas. A receita de um vôo totalmente lotado da Silverjet atinge 100.000 libras, um terço do que faturaria um jato semelhante da British. É possível cobrir essa diferença? Outras duas companhias – as americanas Eos Airlines e MAXjet – atuam há um ano nesse segmento. Suas taxas de ocupação começaram com 30% e hoje alcançam 70%. São números promissores, mas é cedo para afirmar se esse negócio vai decolar.