Entrevista:O Estado inteligente

sábado, novembro 18, 2006

Jader Barbalho nunca teve tantos cargos no governo

Espetáculo de crescimento

Jader nunca teve tanto poder e cargos
no governo federal quanto agora


Leonardo Coutinho


Joedson Alves

O deputado Jader Barbalho é um sobrevivente. Em 2001, ele foi obrigado a renunciar ao mandato de senador por causa de uma maçaroca de denúncias de corrupção. No ano seguinte, Jader chegou a ser preso e algemado por fraudes na Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (Sudam). Solto, foi eleito deputado em 2002, o mais votado do Pará, façanha que repetiu no mês passado. Por causa das denúncias, Jader responde hoje a cinco processos no Supremo Tribunal Federal. Neles, é acusado de doze crimes, como corrupção, estelionato, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha. A mais recente ação contra ele começou a correr no Supremo há apenas duas semanas. Nesta, é acusado de pagar indenizações superfaturadas em 1987, período em que foi ministro da Reforma Agrária. Nas próximas semanas, o Superior Tribunal de Justiça deve abrir mais um processo, no qual Jader será acusado de ter transferido, no período em que era governador do Pará, 1 milhão de dólares do caixa do antigo banco estadual para a própria conta bancária. Um currículo semelhante arrasaria qualquer cidadão – mas não Jader. Ele está no auge.

Desde 1967, quando entrou na política, Jader já foi ministro duas vezes, governador outras duas e presidente do Senado. Em toda a sua extensa carreira, no entanto, jamais como agora manteve tantos apaniguados em cargos no governo federal. Reabilitado pelo governo do PT, o deputado indicou o atual presidente da Fundação Nacional de Saúde, Paulo Lustosa, e o da Eletronorte, Carlos Nascimento. Nessa estatal, apossou-se também da diretoria corporativa. No Banco da Amazônia, tem a diretoria de negócios. Nos Correios, a diretoria de tecnologia e a gerência da empresa no Pará. Ambicioso, Jader ainda pleiteia a presidência da Eletrobrás, a do Banco da Amazônia e a da Agência de Desenvolvimento da Amazônia, além de outros cargos menos visados. Sua aliança com o PT vai render-lhe ainda postos no Pará. A governadora eleita, Ana Júlia Carepa, prometeu-lhe quatro secretarias em que poderá acomodar seus aliados. Para construir esse patrimônio do fisiologismo nas esferas estadual e federal, Jader faz e acontece na política de bastidores.

Ele submergiu enquanto esteve em desgraça e só saiu de sua profundeza amazônica quando o governo Lula tomou o primeiro grande tombo. A oportunidade apareceu em 2004, quando o assessor palaciano Waldomiro Diniz foi flagrado pedindo propina a bicheiros. Jader trabalhou para evitar a criação de uma CPI sobre o assunto. Repetiu o procedimento na crise do mensalão. No início deste ano, tornou-se o interlocutor preferencial de Lula. A consagração junto ao Planalto ocorreu na última eleição: Jader idealizou a estratégia que elegeu Ana Júlia Carepa, do PT, e mandou para o sacrifício seu primo, José Priante, que concorreu apenas para evitar que o PSDB ganhasse no primeiro turno. Com tanto cacife, a maior fonte de preocupação de Jader é não aparecer tanto a ponto de lembrarem de sua folha corrida. O deputado tem afirmado a aliados que chamará menos atenção se se aboletar na presidência do PMDB ou na liderança do partido na Câmara, em vez de tentar a presidência da Casa.

O QUE JADER TINHA ATÉ 2001

Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia

Presidência do Banco da Amazônia

Diretoria de Gás da Petrobras

Delegacia do Ministério da Agricultura no Pará

O QUE JADER TEM HOJE

Presidência da Eletronorte

Presidência da Fundação Nacional de Saúde

Diretoria Corporativa da Eletronorte

Diretoria de Negócios do Banco da Amazônia

Diretoria de Tecnologia dos Correios

Gerência dos Correios no Pará

O QUE JADER AINDA QUER

Presidência do Banco da Amazônia e da Agência de Desenvolvimento da Amazônia (nova Sudam)

Superintendência da Fundação Nacional de Saúde no Pará

Fundação de Telecomunicações do Pará

Quatro secretarias no governo do Pará

SUA FOLHA CORRIDA

Cinco processos e dois inquéritos no Supremo Tribunal Federal por doze crimes, como corrupção, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha

Um processo por peculato no Superior Tribunal de Justiça

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