Jader nunca teve tanto poder e cargos
no governo federal quanto agora
Leonardo Coutinho
Joedson Alves |
O deputado Jader Barbalho é um sobrevivente. Em 2001, ele foi obrigado a renunciar ao mandato de senador por causa de uma maçaroca de denúncias de corrupção. No ano seguinte, Jader chegou a ser preso e algemado por fraudes na Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (Sudam). Solto, foi eleito deputado em 2002, o mais votado do Pará, façanha que repetiu no mês passado. Por causa das denúncias, Jader responde hoje a cinco processos no Supremo Tribunal Federal. Neles, é acusado de doze crimes, como corrupção, estelionato, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha. A mais recente ação contra ele começou a correr no Supremo há apenas duas semanas. Nesta, é acusado de pagar indenizações superfaturadas em 1987, período em que foi ministro da Reforma Agrária. Nas próximas semanas, o Superior Tribunal de Justiça deve abrir mais um processo, no qual Jader será acusado de ter transferido, no período em que era governador do Pará, 1 milhão de dólares do caixa do antigo banco estadual para a própria conta bancária. Um currículo semelhante arrasaria qualquer cidadão – mas não Jader. Ele está no auge.
Desde 1967, quando entrou na política, Jader já foi ministro duas vezes, governador outras duas e presidente do Senado. Em toda a sua extensa carreira, no entanto, jamais como agora manteve tantos apaniguados em cargos no governo federal. Reabilitado pelo governo do PT, o deputado indicou o atual presidente da Fundação Nacional de Saúde, Paulo Lustosa, e o da Eletronorte, Carlos Nascimento. Nessa estatal, apossou-se também da diretoria corporativa. No Banco da Amazônia, tem a diretoria de negócios. Nos Correios, a diretoria de tecnologia e a gerência da empresa no Pará. Ambicioso, Jader ainda pleiteia a presidência da Eletrobrás, a do Banco da Amazônia e a da Agência de Desenvolvimento da Amazônia, além de outros cargos menos visados. Sua aliança com o PT vai render-lhe ainda postos no Pará. A governadora eleita, Ana Júlia Carepa, prometeu-lhe quatro secretarias em que poderá acomodar seus aliados. Para construir esse patrimônio do fisiologismo nas esferas estadual e federal, Jader faz e acontece na política de bastidores.
Ele submergiu enquanto esteve em desgraça e só saiu de sua profundeza amazônica quando o governo Lula tomou o primeiro grande tombo. A oportunidade apareceu em 2004, quando o assessor palaciano Waldomiro Diniz foi flagrado pedindo propina a bicheiros. Jader trabalhou para evitar a criação de uma CPI sobre o assunto. Repetiu o procedimento na crise do mensalão. No início deste ano, tornou-se o interlocutor preferencial de Lula. A consagração junto ao Planalto ocorreu na última eleição: Jader idealizou a estratégia que elegeu Ana Júlia Carepa, do PT, e mandou para o sacrifício seu primo, José Priante, que concorreu apenas para evitar que o PSDB ganhasse no primeiro turno. Com tanto cacife, a maior fonte de preocupação de Jader é não aparecer tanto a ponto de lembrarem de sua folha corrida. O deputado tem afirmado a aliados que chamará menos atenção se se aboletar na presidência do PMDB ou na liderança do partido na Câmara, em vez de tentar a presidência da Casa.
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