O Estado de S. Paulo |
14/11/2006 |
Na escolha das novas presidências da Câmara e do Senado, cuja troca só ocorrerá em fevereiro, mas a disputa já contrapõe os dois maiores partidos aliados do governo, PT e PMDB, o presidente Luiz Inácio da Silva adotará o conselho que deu ao eleitor na campanha presidencial: não trocará o certo pelo duvidoso. A correr o risco de se patrocinar uma guerra desgastante logo no início de seu segundo mandato e de repente assistir a uma reprise do episódio que resultou na eleição de Severino Cavalcanti para a presidência da Câmara, Lula prefere apoiar as reeleições do deputado Aldo Rebelo e, no Senado, de Renan Calheiros. Ambos têm condições legais de se reeleger, pois a Constituição permite um novo período quando há mudança de legislatura. Portanto, aquele fracassado esforço feito em maio de 2004 pelos então presidentes João Paulo Cunha (Câmara) e José Sarney (Senado) para aprovar uma emenda que lhes permitisse a reeleição não será necessário. A lei do menor esforço e risco mínimo aconselha ao presidente da República manter tudo como está. Na concepção do Palácio do Planalto, dará menos trabalho acomodar as expectativas daquele poder dentro do PMDB e do PT do que se empenhar numa jogada perigosa não só para Lula, mas para todos os presidentes que necessitam - e todos necessitam - acomodar as demandas dos aliados. A história tem registros recentes a respeito dos malefícios da opção pelo caminho menos natural. Em 2001, a aliança entre PFL e PSDB que sustentava o governo Fernando Henrique Cardoso começou a se desfazer quando o tucano Aécio Neves atropelou a previamente combinada preferência do pefelista Inocêncio Oliveira e se elegeu presidente da Câmara. A rebeldia dos tucanos repercutiu no Senado, servindo como um combustível a mais na briga entre Jader Barbalho, do PMDB, e Antonio Carlos Magalhães, do PFL, que por motivos diversos acabaram renunciando a seus mandatos. A confusão teve conseqüências nefastas na campanha presidencial de 2002, quando o PFL trabalhou contra o candidato de FH, José Serra. No governo Lula, de novo a ambição por aqueles dois poderosos postos da República terminou por vitimar os ambiciosos. Primeiro, na briga pela tentativa de reeleição de Cunha e Sarney. Foram tantas e tão impróprias as concessões feitas ao baixo clero por João Paulo Cunha que ele terminou por criar na Câmara um ambiente onde as nulidades de outrora passaram a ter influência e destaque. Nesse cenário em que prevaleciam os piores foi engrossado o caldo da péssima cultura que permitiu a eleição de Severino Cavalcanti, vitorioso numa eleição marcada pela disputa interna no PT e na inusitada situação de duas candidaturas governistas: a de Luiz Eduardo Greenhalgh, no oficial, e de Virgílio Guimarães, no paralelo. Agora, escaldado pelas experiências nefastas, o presidente Lula não quer se arriscar a, num eventual erro de operação, acabar entregando à oposição um dos dois postos. A Câmara é especialmente sensível para a Presidência da República, pois é lá e nas mãos de seu presidente que se dá o ato inicial de pedidos de impeachment. "É ele quem decide se o pedido vai para o triturador de papéis ou se vira manchete de jornal", diz o consultor Mário Rosa, para definir com ironia, e precisão, o sumo da importância de o presidente ter alguém de confiança nesse posto. Bem, então isso tudo quer dizer que a permanência de Renan Calheiros e Aldo Rebelo nas presidências é barbada, aposta mais do que certa? Não, porque as coisas dependem muito do andamento das articulações para a formação do ministério - no caso, principalmente a compensação que o PMDB obterá para abrir mão da presidência da Câmara - e, como sempre, na amazônica, oceânica, infinita capacidade do PT de criar problemas para o presidente da República.
Falha de gestão Quase 500 vôos atrasados em todo o País da madrugada à tarde de segunda-feira e nem a Infraero nem o Ministério da Defesa conseguem dar uma resposta convincente à população sobre o que de fato se passa no setor de controle de tráfego aéreo. As versões durante o dia foram desencontradas e chegaram a ser risíveis, como aquela que atribuía os atrasos à falta de dois controladores no domingo. A Infraero diz que não há operação-padrão, o ministro da Defesa assegura que está "tudo normal" e chega a responsabilizar as companhias aéreas pelos atrasos. Waldir Pires, um homem de boa índole, mas obviamente sem a menor vocação para administrador e em tudo e por tudo deslocado no posto em que ocupa, a horas tantas da confusão saiu-se com esta: "Não houve nada. Quantas vezes temos atraso de duas, três horas? São atrasos de vôos, de empresas." Como não é cinismo, é despreparo. O sinistro da história é que ela evidenciou uma situação de risco extremo e permanente para quem anda de avião. Vale dizer, milhões de pessoas. E, pela atitude das autoridades ditas responsáveis, não há o menor risco de melhorar. |
Entrevista:O Estado inteligente
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terça-feira, novembro 14, 2006
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