Entrevista:O Estado inteligente
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quinta-feira, novembro 02, 2006
CARLOS ALBERTO SARDENBERG O PSDB acabou
O candidato Geraldo Alckmin, olhando fixo para a bancada de eleitores no debate da Globo, denunciou: o governo Lula quer conceder pedaços enormes da Amazônia para empresas privadas.
Acrescentou, como se estivesse dando o tiro fatal: ... e empresas estrangeiras! Efeito sobre os eleitores ali presentes: zero. Lula tirou de letra. Manipulando conceitos, disse que concessão não era venda, que era muito diferente de entregar patrimônio, como os tucanos haviam feito. E seguiu em frente.
Mas, para os eleitores tucanos, incluindo as elites e as classes médias do Brasil desenvolvido, restou a perplexidade.
Em nome da modernidade e da chamada inserção competitiva na economia global, o governo FHC promoveu um extraordinário conjunto de reformas liberais que retiraram o caráter nacionalistaestatizante da Constituição de 1988.
Quebrou monopólios estatais, eliminou proteções e reservas de mercado, abriu todos os setores da economia brasileira ao capital privado, sem distinção entre nacional e estrangeiro. Empresas estrangeiras trouxeram capitais e participaram com sucesso de privatizações, algumas coordenadas pelo próprio Alckmin, como vice e como governador de São Paulo.
Foi uma profunda mudança na estrutura da economia brasileira, que conferiu eficiência a diversos setores, desde os grandes exportadores e players internacionais, até os menores, chegando aos empreendedores individuais. É infinita a quantidade de pequenos negócios que foram viabilizados pelo telefone celular e pela internet.
Podia-se discutir se o sistema de concessões era ou não o melhor meio de preservar a Amazônia. Mas desqualificar o projeto porque permitia concessões a empresas estrangeiras poderia cair bem no discurso de Heloisa Helena. No de Alckmin, pareceu o que era: falso.
Simbolizou a conclusão do processo que vinha desde 2002, quando José Serra também se recusou a fazer a defesa da era FHC. A agenda tucana, aquela, está morta. E sua herança mais valiosa foi capturada por Lula. É dele, hoje, a propriedade da inflação baixa. É ele, hoje, quem mais compreende e quem mais se beneficia do enorme bem-estar que a inflação de 3% ao ano confere aos mais pobres.
Não por acaso, ouvimos Alckmin, na campanha, atacando o Banco Central, como, aliás, faziam setores tucanos ainda durante a gestão de FHC. Como se fosse possível entregar uma inflação tão baixa sem esse BC construído com base na agenda liberal.
É um caso extraordinário. Em 2002, Lula se elegeu em meio a um surto inflacionário, disparada do dólar e fuga de capitais — resultado do pânico do mercado diante da possibilidade da aplicação do programa econômico do PT, “Um outro Brasil é possível”, produzido em 2001 pelo Instituto da Cidadania — aliás, sob a coordenação de Guido Mantega.
Atacava regime de metas, juros altos, BC autônomo, superávit primário, e prometia desde reestatização até ruptura com o FMI e calote na dívida.
Passados quatro anos, Lula declara — “eu acabei com a inflação” — e se reelege com metas de inflação, BC autônomo, superávit primário, responsabilidade fiscal e dólar baratinho — tão baratinho quando na era Gustavo Franco, o presidente do BC de FHC que os tucanos paulistas odiavam. Mais ainda, Lula defende as concessões de serviços públicos a empresas privadas e diz que vai fazer as Parcerias Público-Privadas.
E assim, enquanto assume a agenda da avenida Paulista e do FMI, ainda consegue se apresentar como pai dos pobres e destruidor das elites.
Perdeu no Sul e em São Paulo — ali onde a agenda modernizante da era FHC mostra seus efeitos positivos de modo evidente. Mas perdeu por pouco, diminuiu a desvantagem em relação ao primeiro turno simplesmente porque Alckmin e os tucanos ficaram sem agenda alguma.
O PSDB não perdeu apenas mais uma eleição. O PSDB, aquele dos oito anos de FHC, acabou. Pode ser que apareça outro, mas com qual agenda? Tanto Aécio Neves quanto José Serra acreditam que podem refazer o partido a partir de seus projetos pessoais. São nomes fortes, mas o risco do PSDB é esse: sem agenda própria, acabar destroçado pela disputa entre dois candidatos.
Quanto à agenda liberal e modernizante, essa desapareceu do cenário político.
Aposto que continua na alma e no interesse de boa parte do país, mas não se vê no horizonte próximo quem possa assumi-la. Estamos mais perto de uma outra coisa extraordinária: tucanos e a esquerda do PT atacando o neoliberalismo de Lula.
Duvidam?
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