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As últimas revelações das estripulias financeiras da dupla Marcos Valério-Delúbio Soares continuam ajudando a desvendar o mapa da corrupção, ao mesmo tempo em que jogam por terra algumas estratégias jurídicas construídas para livrar os acusados de penas maiores.
A descoberta do jornal O Estado de São Paulo de que as contas de Marcos Valério pagaram 545 mil reais ao escritório do advogado e ex-procurador da República Aristides Junqueira joga definitivamente no chão a história mirabolante de que toda esta dinheirama que vinha jorrando das contas de Marcos Valério era dinheiro para pagar dívidas de campanha do PT e de partidos aliados.
O pagamento a Aristides Junqueira foi por serviços de advocacia prestados ao PT para defender o partido no caso das investigações sobre o assassinato do prefeito de Santo André, Celso Daniel. Nada tinha a ver com campanha eleitoral, e muito menos com pagamento de dívidas. Eram, pura e simplesmente, honorários pagos a um escritório de advocacia.
Da mesma maneira, a descoberta de que o publicitário Duda Mendonça recebeu, das mesmas contas de Marcos Valério, pagamentos que ultrapassaram 15 milhões de reais, no início de 2003, tornam muito suspeita a história contada por Delúbio Soares de que não houve caixa 2 na campanha do presidente Lula.
Fica cada vez mais forte a impressão de que o dinheiro pago a Duda Mendonça era parte do pagamento pelos serviços do marqueteiro prestados durante a campanha presidencial de 2002. Isto, independentemente do fato de que suas agências abocanharam gordas contas de publicidade no governo Lula.
Finalmente, a revelação do Jornal Nacional de que Marcos Valério encontrou-se, sim senhor, com o ex-ministro José Dirceu e com o presidente do Banco do Espírito Santo, grupo português que é o maior acionista da Portugal Telecom, encontro confirmado por uma agenda do próprio José Dirceu, demonstra que o ex-ministro não se comportou bem no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados, quando declarou que jamais teve qualquer relação com a Portugal Telecom.
E se José Dirceu tiver faltado com a verdade sobre este assunto tão grave, mesmo estando sob juramento durante seu depoimento, isto pode significar que o deputado pode ser cassado sim, por quebra de decoro, por mentir ao Conselho de Ética da Câmara dos Deputados.
Como muito bem diz o sábio senador Jefferson Peres, está na hora de acabar com os depoimentos individuais e começar as acareações. Quem sabe assim, frente a frente, os mentirosos param de mentir, e os desmemoriados começam a se lembrar.
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