Entrevista:O Estado inteligente

quinta-feira, agosto 04, 2005

ELIANE CANTANHÊDE Se as paredes falassem...

FOLHA DE S PAULO

BRASÍLIA - As audiências do então ministro José Dirceu com Marcos Valério, Delúbio Soares e Sílvio Pereira, bem ali do lado do gabinete presidencial, são de tirar o sono. Principalmente da CPI, que tem ali "ouro puro" para as investigações. Valério -hoje reconhecido em qualquer botequim do país como chefe da central de distribuição de dinheiro para políticos- foi três vezes ao Palácio do Planalto em situações deveras intrigantes. Isto, oficialmente, sem contar encontros extras. Numa das vezes, ele estava acompanhado do representante do Banco Espírito Santo (de Portugal) no Brasil. Em outra, com a presidente e o vice-presidente do Banco Rural. Na terceira, com o presidente da Usiminas. Será coincidência que todas as três instituições sejam citadas por Roberto Jefferson como envolvidas em discussões (Banco Espírito Santo) ou ações (os outros dois) heterodoxas valerianas? Quanto a Delúbio e Silvinho Pereira, esses eram de casa. Delúbio participou de 14 encontros oficiais com Dirceu no Planalto em dois anos e meio (desde a posse até a queda do ministro). Silvio, 16. Apesar de nenhum dos dois ter nada a ver com nada no governo, só com o PT, tinham uma desenvoltura maior do que muito ministro. Cinco das audiências de Delúbio com o chefe da Casa Civil foram cara a cara, olho no olho, sem testemunhas. Delúbio caiu no PT, mas, evidentemente, Dirceu não sabia de nada dessas coisas das quais ele foi acusado. O fato é que a coisa continua esquentando e fica a cada dia mais impossível de apostar no que vai dar. A CPI vai de vento em popa, o Congresso parou, o governo não repercute mais, Lula sai de um discurso populista para outro. Gente, a situação é grave.
Justiça seja feita: os petistas vivem falando mal de Aloizio Mercadante, mas ele continua limpo nessa sujeira. Chatice é o menor dos males.

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