Entrevista:O Estado inteligente

sábado, agosto 20, 2005

Diogo Mainardi O empresário Nassif

VEJA

"O empresário Nassif lucra com o patrocínio
oferecido por uma empreiteira ao seu site.
O jornalista Nassif elogia a empreiteira em
sua coluna, citando-a como exemplo de
'gestão inovadora' "

É bom brigar. É um prazer brigar. Prefiro brigar quando não tenho razão. Quando não tenho argumentos. No caso de minha briga com Luis Nassif, colunista da Folha de S.Paulo, estou coberto de razão. Estou cheio de argumentos. Não preciso enfiar dedo no olho. Não preciso recorrer a golpes baixos. Quase não tem graça brigar com ele.

Quem começou tudo foi Nassif. Ele me recriminou porque dedurei uma fonte. Respondi na coluna da semana passada, desmerecendo sua autoridade moral. Na última terça-feira, ele fez a bobagem de retomar o assunto, num artigo intitulado "O caso Mainardi". No artigo, ele me define como um "showman", um parajornalista. Não sei como definir Nassif. Ele é jornalista, mas é também dono de um site de economia. A função de jornalista não é inteiramente compatível com a de empresário. O empresário Nassif lucra com o patrocínio oferecido por uma empreiteira ao seu site. O jornalista Nassif elogia a empreiteira em sua coluna, citando-a como exemplo de "gestão inovadora". O empresário Nassif recebe dinheiro de um banco oficial para seu site. O jornalista Nassif defende o banco oficial em sua coluna.

No artigo da semana passada, acusei Nassif de reproduzir informações fornecidas por uma fonte suspeita. No caso, Luiz Roberto Demarco, que usou Nassif para defender seus interesses contra Daniel Dantas. Nassif copiou integralmente uma mensagem que Demarco mandou a vários outros jornalistas, sobre as negociações entre o banco Opportunity e a Portugal Telecom.

Demarco:

Participaram das negociações pelo lado do Opportunity, Daniel Dantas, Carlos Rodemburg, Artur Carvalho, Veronica Dantas, Francisco Mussnich. Pelo lado da Portugal Telecom, entre outros, Carlos Vasconcellos, o chefe mundial de investimentos da PT, Eduardo Amaral Lyra Neto, ex-presidente da PT Brasil, e Shakaf Wine, atual presidente da PT, e na época advisor de investimentos.

Nassif:

Pelo lado do Opportunity, participaram das negociações Daniel Dantas, Carlos Rodemburg, Arthur Carvalho, Verônica Dantas, Francisco Mussnich. Pelo lado da Portugal Telecom, entre outros, Carlos Vasconcellos, chefe mundial de investimentos da PT, Eduardo Amaral Lyra Neto, ex-presidente da PT Brasil, e Shakaf Wine, atual presidente da PT e na época "advisor" de investimentos.

Para provar que Nassif copiou a mensagem de Demarco sem conferir seu conteúdo, chamei atenção para o fato de que ambos grafaram errado o nome de Shakhaf Wine. Se for para ser implicante, se for para enfiar o dedo no olho, digo que eles grafaram errado também o nome de Carlos Rodenburg. Pior: chamaram o então presidente da Portugal Telecom, Eduardo Correia de Matos, de Eduardo Amaral Lyra Neto. Nassif garante que consultou a Portugal Telecom antes de publicar seu artigo. Duvido. A Portugal Telecom teria corrigido ao menos o nome de seu presidente.

Nassif deu a entender que minha coluna estava relacionada a um encarte publicitário de uma empresa de Dantas, veiculado "com exclusividade" em VEJA. Na verdade, o encarte foi veiculado também pelo jornal Valor, cujo dono é o mesmo da Folha de S.Paulo. A mensagem de Demarco, diligentemente copiada por Nassif, acusa Dantas de usar Marcos Valério para repassar dinheiro ilícito à camarilha que apóia o governo Lula. Nesse ponto – só nesse ponto – o empresário endividado num banco oficial Nassif preferiu ignorar sua fonte. Deve ser uma questão de ética jornalística.

Nenhum comentário:

Arquivo do blog