A crise dos 100 dias
Eduardo Peres/AP![]() |
A HORA DO ADEUS? Lula acena para simpatizantes: o presidente tenta manter a rotina |
A lenta agonia do governo Lula começou há 100 dias, com a entrada em cena nacional de um funcionário dos Correios embolsando uma propina de 3 000 reais. Desde então, a crise se aprofunda sempre muito além dos limites imaginados pelo mais cínico dos observadores. O escândalo tragou quase todos os auxiliares mais próximos do presidente. Na semana passada, com o envolvimento de Antonio Palocci, ministro da Fazenda, a crise atingiu o que, em circunstâncias normais, se poderia dizer que foi o fundo do poço. Mas não se subestime a capacidade do governo de se enredar de maneira ainda mais inescapável a cada dia. A economia deu um soluço na sexta-feira passada com as ondas de choque que atingiram Palocci. Mesmo assim não houve pânico. Uma reportagem desta edição mostra que a economia se assenta sobre o tripé da abertura para o exterior, das conquistas institucionais e da enorme liquidez internacional. A combinação desses três fatores é capaz de fazê-la resistir a uma eventual troca de comando no ministério brilhantemente conduzido até agora por Palocci. Exagero? Talvez. Mas é bom lembrar que a estabilidade econômica no Brasil resistiu até mesmo à troca de partidos e de presidentes em 2003.
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