Entrevista:O Estado inteligente

sábado, agosto 20, 2005

CLÓVIS ROSSI Cultura da podridão

FOLHA DE S PAULO

  SÃO PAULO - O PT apodreceu bem antes de chegar ao poder federal, a julgar pelo comportamento de certos de seus membros.
Tome-se apenas um caso, o mais recente: o deputado Paulo Pimenta (PT-RS) cometeu ao vivo e em cores o crime de inventar uma lista de supostos beneficiários de dinheiro sujo.
Crime on-line, talvez o primeiro da história. Crime confessado ao vivo e em cores.
Só quem já traz na alma a cultura do trambique é capaz de tentar uma ação desse porte, ainda mais em uma CPMI destinada justamente a apurar e a punir trambiques.
O que aconteceu com Pimenta? Nada, a não ser a sua renúncia ao posto de vice-presidente da CPMI. O PT silenciou, em vez de expulsar ato contínuo o parlamentar de seus quadros (afinal, repito, a delinquência foi ao vivo, em cores e on-line, assim como a confissão). Pior: todos os petistas que estavam presentes à sessão em que se tentou o golpe apoiaram Pimenta ou, no mínimo, silenciaram.
Um partido que se pretendia o dono único da moral e da ética só é cúmplice dessa trambicagem se já a introjetou na sua cultura.
É esse comportamento da instituição PT que acaba por dar credibilidade às acusações de Rogério Buratti, ex-assessor do ministro Antonio Palocci quando prefeito de Ribeirão Preto (e também ex-assessor parlamentar de José Dirceu).
Buratti diz que Palocci recebia o seu próprio mensalão das empresas coletoras de lixo.
Tanto mais crível porque vem na esteira de uma série de suspeições sobre recursos para o PT provenientes de empresas que prestam ou prestaram serviços a prefeituras (o exemplo mais explosivo seria Santo André e o caso Celso Daniel).
Fica cada dia mais evidente, pois, que pedir desculpas é nada. Ou corta na carne ou todos são cúmplices.

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