Entrevista:O Estado inteligente

sábado, agosto 20, 2005

FERNANDO RODRIGUES Uma bomba por semana

FOLHA DE S PAULO


  BRASÍLIA - A semana já estava no fim; o clima, esfriando. Até o depoimento de Rogério Buratti, ex-assessor de Antonio Palocci.
A crise atual tem um ritmo alucinante. Uma bomba por semana. A característica mais marcante do momento é o alto grau de imprevisibilidade do desfecho das investigações. O agora acusado de receber mensalão Antonio Palocci é um caso emblemático. Segue um roteiro idêntico ao dos demais envolvidos.
O ministro da Fazenda foi acusado de ter recebido uma propina mensal de R$ 50 mil enquanto foi prefeito de Ribeirão Preto. O acusador foi Buratti, um ex-assessor de Palocci e ex-funcionário da empreiteira de onde sairia o dinheiro.
Palocci seguiu a receita clássica. Negou tudo "com veemência". Expressou a indignação dos justos.
A negativa foi por escrito. O mesmo formato usado por Palocci ao prometer cumprir na íntegra o mandato de prefeito de Ribeirão Preto. Jogou a promessa no lixo ao renunciar para entrar no governo Lula.
O depoimento de Buratti é contundente. Rico em detalhes. O ex-assessor diz não haver recibos das propinas mensais. Mas há nomes de pessoas a serem inquiridas. Há sigilos bancários a serem quebrados.
Enquanto andar a investigação, Palocci ficará sangrando em público. Pode até ser considerado inocente ao final. Ou não. Mas a decisão de Lula de manter o ministro da Fazenda no cargo certamente aumentará o grau de tensão em Brasília. A economia entrará na crise.
Seria muito mais prudente se o ministro da Fazenda se afastasse temporariamente do cargo. Mostraria ser um ponto fora da curva do escândalo. Em 30 dias poderia voltar à cadeira se nada ficasse provado. Estaria fortalecido. O governo Lula daria uma demonstração rara de humildade. O país agradeceria. A estabilidade da economia seria mantida.

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