Entrevista:O Estado inteligente

quarta-feira, julho 13, 2005

A tomada da Daslu Fernando Gabeira



A tomada da Daslu por duas centenas de policiais armados foi um grande espetáculo. Na semana passada, tive a oportunidade de chamar a atenção para o fato de que a legalidade está indo para os ares.

O governo que foi vítima de uma série de denúncias, muitas delas com provas não legais (fitas clandestinas, quebras unilaterais de sigilo bancário) está caindo no jogo. E quando o governo cai no jogo com o peso de sua polícia federal as coisas ficam mais complicadas.

A Daslu é uma loja que custou 20 milhões de dólares e é uma espécie de retrato das desigualdades nacionais. Enquanto alguns têm dinheiro para gastar R$ 5 mil com um simples vestido, outros ganham menos de dois reais para sobreviver diariamente.

Estas divergências não se resolvem com golpes de publicidade. Elas refletem uma situação muito complicada no campo econômico e social. O governo tem feito operações espetaculares para fortalecer sua tese de que a Polícia Federal nunca trabalhou tanto.

Há uma suposição de que o intenso trabalho da PF vai ofuscar os casos de corrupção denunciados na cúpula do PT e no governo de um modo geral. Ilusão. Uma coisa é o trabalho da PF outra coisa são as denúncias contra o governo. Estas só se revolvem com investigação e demonstração da inocência.

Marcio Thomas Bastos começou a cortar na carne, orientando operações espetaculares contra a burguesia de São Paulo, onde tinha seus grandes clientes como advogado. Ele tem condições morais para dirigir uma polícia séria. Mas esses espetáculos desnecessários ao cumprimento da lei deixam todos desconfiados. Será que o governo embarcou na cortina de fumaça? (F.G.)

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