Por Murillo de Aragão e Cristiano Noronha, da empresa de consultoria política Arko Advice:
"O depoimento de Delúbio à Procuradoria-Geral da República e a entrevista de Marcos Valério ao Jornal Nacional parecem articuladas. Visam livrar o presidente Lula de qualquer culpa e jogar a confusão no colo exclusivo do PT, mais especificamente no de Delúbio Soares.
Acrescento eu: e a entrevista do Fantastico de Lula dada em Paris na Sexta-Feira, antes da de Delubio, com os mesmo argumentos, desnuda a farsa de cartas marcadas.
Como Lula ainda controla a cúpula do partido, a nova direção vai fazer o jogo para salvar o presidente. Sabendo que continua muito popular, Lula ainda pode operar a transferência de culpa para o PT.
No entanto, essa espécie de "Operação Paraguai" não cobre totalmente os flancos:
* O ex-tesoureiro do Banco Rural da agência Brasília Shopping está falando o que sabe para os procuradores;
* A quebra do sigilo das operações do Banco Rural está a caminho;
* O exame da documentação dos bancos ainda não começou na CPI dos Correios;
* A COAF, cujo relatório já está nas mãos da imprensa, ainda tem surpresas e revelações;
* A Polícia Federal apreendeu documentos no arquivo morto do Banco Rural que dá pistas sobre o mensalão;
* O episódio do dinheiro na cueca piora na medida em que o irmão de José Genoíno estaria totalmente envolvido com a operação;
* Ex-funcionário do PP, conforme o Estado de São Paulo, divulgou lista dos deputados do partido que recebiam mensalão.
O fato é que as explicações de Valério e Delúbio não eliminam os graves riscos da crise piorar. E, pior, caracterizam troca de favores entre o partido do presidente e os privilégios a uma empresa fornecedora de serviços ao governo."
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