Primeira Leitura |
Reinaldo Azevedo |
O PT está ocupado, neste exato momento, em montar uma grande farsa, que consiste em enlamear todo o sistema político, o PSDB em particular, para ver se livra a própria cara. O senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG) fez um discurso, há pouco, no Senado negando que as agências de Marcos Valério tenham feito doações irregulares à sua campanha. Vamos ver. Que tudo seja investigado. Se houve o crime eleitoral, que a questão seja posta de forma inequívoca e que ele, ou quem mais eventualmente esteja envolvido, arque com as conseqüências. Em suma: que todos os partidos que se meteram com caixa dois respondam pelo que fizeram. Mas vamos parar com essa pantomima! A história do caixa dois, apelidada pela mídia de "Operação Paraguai", dado o crédito que tem merecido, é coisa muito diferente de caixa dois. Os dados apontam para uma triangulação perversa — entre agências de publicidade, bancos e partido — envolvendo dinheiro de empresas públicas e privadas (estas à espera de benefícios) para fraudar a democracia. A estratégia está sendo meticulosamente posta em prática pelo PT. A partir de agora, o ponto de referência do partido não é mais a institucionalidade. Muito ao contrário. O melhor que pode lhe acontecer é que ela toda seja posta em xeque porque esta seria, a rigor, sua única saída. Triste destino, patético mesmo, para um partido que se queria diferente de todos os outros e, agora, só encontra algum conforto de, afinal, provar que, a exemplo dos outros, não é mesmo limpo. Ocorre que também isso é um truque. Ainda que as agências de Marcos Valério tivessem doado dinheiro para a campanha de Azeredo, em que isso livra a cara do PT? Ainda que o PSDB de Minas tenha recebido doações irregulares, tal fato o igualaria ao PT? Ora, não sejamos ridículos. O que a CPMI dos Correios está investigado é algo bem maior do que caixa dois de campanha: é tráfico de influência e rapinagem em estatais, autarquias, ministérios e fundos de pensão para, entre outras ilegalidades, pagar o famigerado mensalão a parlamentares. É conveniente que a própria imprensa não caia nessa conversa e faça as devidas distinções. Hoje, o sonho dourado do PT é um grande acordão pelo qual ninguém seja punido, apagando-se tudo com uma borracha que poderia atender pelo nome de reforma política ou leis mais duras contra a lavagem de dinheiro (leiam A Parte e o Todo). É a isso que temos de resistir bravamente. Espero que o PSDB não se intimide com a chantagem e não tema o confronto. Se tiver de perder alguma coisa neste processo, que perca — o mesmo valendo para o PFL. E que reste às oposições uma lição: o PT não tem, como se vê, receio de empurrar a República para o abismo se for para se defender. Com o esforço que faz o PT para arrastar o tucanato para o mar de lama, elimina qualquer ponte que possa ser estabelecida para uma saída ao menos honrosa para Lula. Reitero: que se puna até a pomba da paz se ela borrar o nosso terno. Mas que não se perca o foco: a CPMI investiga tráfico de influência, superfaturamento de contratos, licitações viciadas e dinheiro irregular de empresas privadas, tudo confluindo para o pagamento do mensalão e para a montagem da maior máquina partidária que já se viu no Brasil. E esta é uma obra do PT. O PSDB não tem nada a ver com isso. PS: Tarso Genro, presidente do PT, disse que a denúncia contra o PSDB e o PFL não são álibis para o PT. Uma declaração decente. Publicado em 26 de julho de 2005. |
Entrevista:O Estado inteligente
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terça-feira, julho 26, 2005
O PSDB, o PT, o caixa dois e mistificações
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