Entrevista:O Estado inteligente

quarta-feira, julho 13, 2005

O FIM DOS CALÇADÕES

editorial da folha de s paulo
 
Embora deva despertar polêmica, faz sentido a decisão do prefeito José Serra (PSDB) de voltar a permitir a circulação de carros em algumas ruas que se tornaram calçadões do centro de São Paulo. Ao que tudo indica, ao impedir o trânsito de automóveis, as ruas de pedestres afastaram consumidores do comércio ali localizado e tornaram-se mais um fator de degradação urbana, em vez de trazerem benefícios para a revitalização daquela área.
A mudança deverá ser implementada em duas etapas e os gastos são estimados em cerca de R$ 12,6 milhões, requisitados ao Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) pelo programa Ação Centro. Corretamente, o trânsito será restrito a alguns tipos de veículo e limitado certos horários, dependendo dos corredores em questão.
A implantação dos calçadões data da década de 1970, quando a região já vivia um acelerado processo de deterioração socioeconômica. À época, os carros eram considerados por alguns como um fator a conspirar para a decadência da região central. Nesse contexto, criar áreas exclusivas para pedestres parecia estimular uma espécie de "humanização" do centro.
Mas os calçadões não só não foram a panacéia que talvez alguns esperassem como forneceram abrigo a vendedores ambulantes, além de contribuir para que certas áreas no período noturno se tornassem desertas e ainda mais inseguras.
Nas décadas de 1980 e 1990, com o aumento do desemprego, acentuou-se a deterioração da região e teve início o até agora incontido processo de ocupação das ruas de pedestres pelos camelôs -problema que poderia pelo menos ser reduzido se houvesse mais rigor e eficácia da fiscalização.
A liberação do tráfego de veículos também não deve, obviamente, ser tomada como uma fórmula mágica. Para que atinja plenamente seus objetivos, a decisão precisa inscrever-se numa estratégia mais abrangente para acelerar a recuperação do centro histórico da capital.

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