"A pesquisa do Ibope divulgada ontem começa a testar a eficácia da estratégia do governo e dos principais envolvidos nesta monumental crise: isolar o presidente Lula das denúncias de corrupção que atingem em cheio o coração do PT e ameaçam chegar perigosamente perto do governo federal.
Realizada entre os dias 14 e 18 de julho, a pesquisa Ibope mostra que o índice de confiança no presidente Lula vem diminuindo lentamente: 60% em março, 56% em junho e 53% em julho.
Enquanto isso, aumenta o número dos que não confiam no presidente Lula: 34% em março, 38% em junho e 42% em julho.
Para 50% dos entrevistados, a imagem de Lula não mudou desde a última pesquisa. Mas quando perguntados sobre a hipótese de o presidente perder o mandato após um processo de impeachment, 48% negam a hipótese de Lula ser afastado por impeachment, e 42% aprovam a idéia do impeachment. É praticamente um empate.
Outros números são igualmente interessantes. Por exemplo, 72% dos entrevistados afirmam que tomaram conhecimento das denúncias de corrupção. Para 46%, o deputado José Dirceu está totalmente envolvido na corrupção. Para 65%, o deputado Roberto Jefferson também está. Isto reforça o entendimento cada vez mais forte nos corredores do Congresso de que a cassação de um praticamente obriga à cassação do outro.
Do ponto de vista do presidente da República, esta pesquisa reforça a convicção que começou a se formar desde a polêmica entrevista Lula na França, na última sexta-feira.
Ali o presidente deixou muito claro que vai afastar qualquer partido ou pessoa que se atravesse no seu caminho rumo à reeleição. Entregou José Genoíno às feras e abençoou a estratégia de defesa da dupla Delúbio Soares-Marcos Valério de justificar as cachoeiras de dinheiro que não páram de jorrar, como caixa 2 para as campanhas do PT.
E mais: declarou que o PT vai ter que se explicar perante a sociedade e pagar por seus erros. Em suma, Lula não tem nada a ver com as malfeitorias do PT, como ele mesmo fez questão de afirmar.
A impressão que dá é que o presidente Lula está totalmente convencido de que os índices de popularidade aferidos nas pesquisas de opinião serão suficientes para reelegê-lo em 2006.
Sem esquecer, naturalmente, a influência do Bolsa-Família, das cestas básicas, do velho e bom clientelismo. Ah, sim, e com a ajuda dos juros estratosféricos que fazem o delírio dos banqueiros e do capital especulativo.
O perigo é Lula se transformar numa caricatura de Getúlio Vargas: pai dos pobres e mãe dos ricos."
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