Entrevista:O Estado inteligente

sexta-feira, julho 22, 2005

Juízo, Lula Ricardo Noblat


Você tem dúvida de que haverá cassações no Congresso?

 

Eu não tenho. Entre 10 a 20 deputados perderão os mandatos.

 

Você tem dúvida de que a lama que escorre na Esplanada dos Ministérios sujará feio a imagem do governo e do próprio presidente da República?

 

Eu não tenho. É só uma questão de tempo. As próximas pesquisas de opinião pública deverão mostrar.

 

Você tem dúvida de que Lula tentará se reeleger?

 

Eu tenho quase certeza de que não tentará. Se tiver juízo, não.

 

Começo a duvidar que ele cumpra o atual mandato. Até torço para que cumpra, sim. Imagine só a extraordinária frustração dos 52 milhões de brasileiros que votaram nele se isso não acontecer.

 

Em 2002, a esperança venceu o medo. É recomendável que ainda reste alguma esperança depois de tudo que estamos vivendo. 

 

Fico aqui pensando se Lula sobreviver à crise e teimar em disputar um novo mandato com base em pesquisas que apesar de tudo lhe garantirão um razoável percentual de votos pelo menos até o início da próxima campanha. Melhor não! Para o bem dele.

 

Treino é treino, jogo é jogo. Hoje, Lula impera absoluto no vídeo, a oposição ainda pesa as palavras antes de atacá-lo, e todo mundo teme que a economia seja gravemente afetada pela crise política ora em curso. Todo cuidado é pouco.

 

Depois, não. Os adversários vão juntar Lula com o caso Waldomiro, os dólares na cueca, o mensalão, o caixa 2 do companheiro Delúbio, o Land Rover de Silvinho Pereira, a corrupção nas empresas estatais e nos fundos de pensão, a empresa ganha de presente por um filho de Lula e...

 

Sem falar do que ainda está por vir e do que nem sei se virá.

 

Sem falar de um crescimento apenas sofrível da economia. E sem falar da inoperância de diversas áreas do governo.

 

É um prato cheio para qualquer marqueteiro dotado do mínimo de imaginação. E para qualquer candidato disposto a enfrentar Lula. Até outro dia seriam poucos. Agora tem fila. 

 

É claro que Lula não pode e não deve admitir tão cedo que se contentará com um só mandato. Se o fizesse, nem o sujeito do cafezinho passaria mais pelo gabinete dele no Palácio do Planalto. Mas é bom que vá se acostumando com a idéia desde já. E que não ouça apenas a voz dos serviçais.

 

Esses só dirão o que ele quer ouvir.

 

Os serviçais dos príncipes só sobrevivem porque não os contrariam.

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