Entrevista:O Estado inteligente

quinta-feira, julho 14, 2005

Jânio de Freitas - Daslula-lá

J


Folha de S. Paulo
14/7/2005

Com o ataque conjunto de Receita Federal, Procuradoria da República e Polícia Federal à Daslu, a catedral dos novos-ricos, afinal se tem uma pista para entender a confusão reinante, em que os acusados acusam, os poderosos são os que estão impotentes, os de cima é que perdem os empregos.
De um lado são novos-ricos; do outro, também. Uns são os que deixaram as entidades acima em dúvida sobre a direção a dar ao seu ataque: tanto faria atacar na direção da Daslu ou da clientela compradora, que o resultado sempre tenderia à proveitosa colheita de material para processos judiciais e fiscais. Onde há um novo-rico, seja vendedor ou comprador, está justificada a desconfiança de sonegação, subfaturamento, informação privilegiada, fraude em concorrência, contrabando e não necessariamente uma coisa de cada vez. As tropas federais preferiram o ataque ao lado vendedor por ser concentrado, exigindo menos trabalho e tempo que o disperso lado comprador.
E o que revela a torrente de denúncias que engolfou o PT, inundou o Congresso e destelhou a Presidência? São as malas, os milhões, os dólares, os desvios, as concorrências fraudadas, e tudo o mais, dos que decidiram tornar-se os novos-ricos da política nacional.
A Daslu tem tanto a ver com o novo-riquismo da tucanagem como tem com a obra banqueira, os juros e a anti-justiça social do Lula lá. Se, de repente, se vêem sob o mesmo destino, aí está uma solidariedade de classe admirável.
Faz sentido a tese da tão falada fusão PT-PSDB. A ser selada com uma festa na Daslu. Sem preocupação com a autenticidade da nota fiscal.

Primeiro passo
Os petistas adotaram como refrão, desde as primeiras denúncias contra o comando do PT, que "Roberto Jefferson acusa sem provas". Alguns parlamentares, por certo, não podiam mesmo acreditar na possibilidade de ver confirmado o que jamais imaginariam nos companheiros líderes. Mas o próprio Jefferson adotou, e parece ter explorado como tática, a afirmação da sua falta de provas.
Sexta-feira, Roberto Jefferson deverá depor a respeito de uma tal rede de proteção empresarial contra fiscais do INSS. Jefferson nem estava no assunto, como denunciante ou como citado, mas não resistiu ao deparar a notícia inicial: "Eu tenho prova disso aí, tenho prova, posso depor". A oferta foi logo aceita.

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