Entrevista:O Estado inteligente

terça-feira, julho 26, 2005

JANIO DE FREITAS A defesa desaba

Folha de S Paulo

  O próprio Marcos Valério abriu a primeira fenda, que está passando despercebida, na estratégia adotada para a sua e a defesa de Delúbio Soares, baseada em pretensos empréstimos repartidos segundo indicações do então tesoureiro petista, para quitação de dívidas de campanha do PT e aliados.
No penúltimo parágrafo de uma nota distribuída no domingo, para negar a chantagem que "Veja" lhe atribuiu, Marcos Valério tratou de um assunto que não estava em questão, mas resultou no ponto mais valioso do texto. Item sete: [Marcos Valério] "não entende por que alguns políticos afirmam que receberam doações da Usiminas, uma vez que, na verdade, as doações foram da SMPB". Ou seja, foram da sua empresa.
Os políticos, no caso, são o deputado Roberto Brant, do PFL mineiro e ministro da Previdência no governo Fernando Henrique, e Paulo Manicucci, do PSDB de Minas. Recebedores, respectivamente, de R$ 105 mil e R$ 205 mil liberados por Marcos Valério, ambos alegaram tratar-se de doação da Usiminas, que a teria passado primeiro à SMPB para, com a intermediação, contabilizá-la como pagamento de publicidade.
Ao negar o subterfúgio contábil, Marcos Valério está fazendo, implicitamente, esta afirmação: é mentira que as quantias por ele liberadas, em contas das suas empresas, viessem de empréstimos para municiar financeiramente o PT de Delúbio Soares. As altas somas dadas a Roberto Brant e a Paulo Manicucci foram doações para as campanhas eleitorais, pela prefeitura de Belo Horizonte, do PFL e da coligação que juntou o PSDB de Manicucci e o PSB do candidato João Leite. Marcos Valério diz em sua nota, portanto, que financiou os partidos e os candidatos adversários do PT e do vitorioso petista Fernando Pimentel. O que, é claro, não se daria por indicação do tesoureiro do PT.
A defesa apresentada por Marcos Valério e por Delúbio Soares foi recebida como inconvincente. Agora é confessadamente mentirosa.

Manancial
Dado como destinatário de R$ 326,7 mil sacados de empresa de Marcos Valério, Henrique Pizzolato, ex-diretor do Banco do Brasil e conselheiro do fundo Previ, deu longa entrevista que resultou em uma sucessão de charadas insolúveis, com frases de sujeito obscuro, fatos sem começo e sem fim, um vasto todo só inteligível para os muito informados sobre os negócios e as negociatas entre fundos de pensão estatais, bancos e grandes empresas. O não-especialista boiou, à falta de explicitação jornalística.
Mas ali ficaram possibilidades de exploração numerosas para a CPI, caso a maioria de seus integrantes venha a preferir atividades investigatórias à comédia pastelão. Pizzolato compete com Marcos Valério e Delúbio Soares em versão extravagante para explicar-se, mas abriu, na crise, o assunto da relação entre decisões dos fundos bilionários e o governo, ou Luiz Gushiken. Assunto em que a Previ é a provável estrela do espetáculo.

Nostálgicos
Os ingleses passaram a fazer em casa, contra estrangeiros, o que faziam na África do Sul, na ex-Rodésia, na Índia, na antiga Birmânia, em parte da China, em tantas regiões do mundo.
O governo brasileiro não teve atitude à altura da covardia bestial com que a polícia londrina assassinou Jean Charles de Menezes.

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