O Estado de S Paulo
Deputado procura oposição e oferece cabeça de Lula para tentar salvar mandato Esgotada com juros e correção monetária a fase de parceria com o PT, o deputado Roberto Jefferson agora corre atrás da oposição dizendo que cometeu "um erro" ao excluir o presidente Luiz Inácio da Silva de suas denúncias iniciais contra a cúpula do PT. O petebista quer renovar suas alianças políticas e, na esperança de salvar o mandato que dizia ter sublimado, tenta pelo menos negociar com os partidos de oposição, PFL e PSDB, um tratamento mais brando para si. Roberto Jefferson diz dispor de munição para ligar de forma incontestável o presidente da República ao esquema de arrecadação de dinheiro público e privado operado por meio das empresas de Marcos Valério de Souza. Quem já ouviu o deputado a respeito diz que suas informações são graves e que ele manifesta disposição de divulgá-las a qualquer momento. O ex-presidente do PTB estaria arrependido de não ter, desde o começo, posto Lula no grupo dos petistas por ele acusados de atrair deputados para a base de sustentação do governo na base do pagamento de mesadas. Jefferson teria cometido um "erro de cálculo" ao proteger Lula, pois tinha a esperança de que pudesse se recompor com o governo se o presidente se afastasse logo no primeiro momento dos acusados de montar o esquema de pagamentos. Seria também este o motivo pelo qual no início Jefferson preservou José Dirceu, acusando Marcos Valério de agir a mando de Delúbio Soares, Silvio Pereira e José Genoino. Na primeira entrevista ao jornal Folha de S. Paulo falando do mensalão, o então presidente do PTB afirmou ter denunciado a trama ao ministro da Casa Civil que, na versão dele, reagira indignado e suspendera as mesadas. Sem sinal de armistício, na segunda entrevista Jefferson apontou Dirceu como o cabeça do esquema, eximindo o presidente da República de responsabilidade. Nos depoimentos seguintes no Conselho de Ética da Câmara e na CPI dos Correios repetiu a história, ressaltando a existência de um "cordão" de isolamento em torno do presidente para impedi-lo de saber o que se passava. Lula não reagiu como Jefferson imaginara, o PT demorou a tomar providências e, no fim, o presidente ainda assumiu como verdadeira a tese de defesa dos acusados de que o escândalo diz respeito única e exclusivamente às distorções resultantes da legislação eleitoral e à prática do financiamento ilegal de campanhas. Embora a oposição não queira fazer de Roberto Jefferson seu alvo principal, dificilmente aceitará firmar com ele uma parceria. Primeiro, pela impossibilidade real de partidos ou políticos prometerem proteção a quem quer que seja. E, depois, porque não interessa à oposição a autoria, nem em regime de sociedade, de atos deliberados de denúncias contra Lula. Por enquanto, a opção continua sendo a de entregar o destino do governo e do presidente aos fatos. De grego Silvio Pereira não ganhou um automóvel Land Rover da GDK Engenharia porque era um dirigente do PT a quem um diretor da empresa se afeiçoou. Ganhou porque tinha influência junto ao Palácio do Planalto. Da mesma forma, as facilidades concedidas ao partido por instituições públicas e privadas guardam relação direta com o governo, pois foram ofertadas a partir da conquista da Presidência da República. Quem beneficiava o PT queria agradar o poder, senão por retribuição, ao menos por expectativa de obtenção de vantagens. Pesquisa Uma frase, ouvida por um político em contato com as 'bases" do interior nordestino explica parte da avaliação positiva de Lula nas pesquisas, a despeito da crise política. "As comida tá barata, doutor", disse o eleitor com clareza suficiente para que a excelência medisse a distância entre a animosidade do Brasil que se mobiliza por meio de informação e a tolerância do Brasil que está de olho no preço do arroz e do feijão. O primeiro já incorporou o conceito da estabilidade como valor consolidado, conquista social inarredável. O segundo ainda considera o controle da inflação uma dádiva dos governantes e atribui à bondade deles a concessão. Boi dormindo É só reparar: quem não está muito interessado em descer a detalhes ou considerações a respeito das evidências de corrupção e a identidade de seus envolvidos só fala em reforma política. Como se fosse possível fazer qualquer coisa antes de ver o tamanho da demolição e saber quem sobreviverá em condições morais de integrar a equipe de reconstrução. Evidentemente, as alterações a serem feitas no sistema político-partidário-eleitoral e as condições objetivas para tal não são mais as mesmas de tempos atrás. Reforma agora é remendo de ocasião, tentativa de socializar o prejuízo e demonstração artificial de consciência cívica. O truque foi ensaiado também logo após a eclosão do caso Waldomiro Diniz, quando o então presidente da Câmara, João Paulo Cunha, tentou liderar um movimento pró-reforma. Aplacada a crise, o mesmo João Paulo - hoje com o mandato em risco - negociou o arquivamento da proposta em troca do apoio do PTB, do PP e do PL ao seu projeto de reeleição.
| |
|
Entrevista:O Estado inteligente
- Índice atual:www.indicedeartigosetc.blogspot.com.br/
- INDICE ANTERIOR a Setembro 28, 2008
sábado, julho 23, 2005
DORA KRAMER Jefferson busca novos parceiros
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Arquivo do blog
-
▼
2005
(4606)
-
▼
julho
(532)
- Do foguetório ao velório Por Reinaldo Azevedo
- FHC diz que Lula virou a casaca
- DORA KRAMER A prateleira do pefelê
- Alberto Tamer Alca nunca existiu nem vai existir
- Editorial de O Estado de S Paulo Ética do compadrio
- LUÍS NASSIF A conta de R$ 3.000
- As elites e a sonegação JOSÉ ALEXANDRE SCHEINKMAN
- Lula se tornou menor que a crise, diz Serra
- JANIO DE FREITAS A crise das ambições
- ANTÔNIO ERMÍRIO DE MORAES Responsabilidade e amor ...
- ELIANE CANTANHÊDE É hora de racionalidade
- CLÓVIS ROSSI Não é que era verdade?
- Editorial de A Folha de S Paulo DESENCANTO POLÍTICO
- FERREIRA GULLAR:Qual o desfecho?
- Editorial de O Globo Lição para o PT
- JOÃO UBALDO RIBEIRO Não é por aí
- Miriam Leitão :Hora de explicar
- Merval Pereira Última instância e O imponderável
- AUGUSTO NUNES :A animada turnê do candidato
- Corrupção incessante atormenta a América Latina po...
- Blog Noblat Para administrar uma fortuna
- Diogo Mainardi Quero derrubar Lula
- Tales Alvarenga Erro tático
- Roberto Pompeu de Toledo Leoa de um lado, gata dis...
- Claudio de Moura Castro Educação baseada em evidência
- Dirceu volta para o centro da crise da Veja
- Ajudante de Dirceu estava autorizado a sacar no Ru...
- Até agora, só Roberto Jefferson disse a verdade VEJA
- O isolamento do presidente VEJA
- VEJA A crise incomoda, mas a economia está forte
- veja Novas suspeitas sobre Delúbio Soares
- VEJA -A Petrobras mentiu
- Editorial de O Estado de S Paulo A conspiração dos...
- DORA KRAMER O não dito pelo mal dito
- FERNANDO GABEIRA Notas de um pianista no Titanic
- Economia vulnerável GESNER OLIVEIRA
- FERNANDO RODRIGUES O acordão
- CLÓVIS ROSSI A pizza é inevitável
- Editorial de A Folha de S Paulo A SUPER-RECEITA
- Editorial de A Folha de S Paulo O PARTIDO DA ECONOMIA
- Zuenir Ventura O risco do cambalacho
- Miriam Leitão :Blindada ou não?
- A ordem é cobrar os cobradores
- Mas, apesar disso, o PSDB e o PFL continuam queren...
- Em defesa do PT Cesar Maia, O Globo
- Senhor presidente João Mellão Neto
- Editorial de O Estado de S Paulo 'Novo fiasco dipl...
- Editorial de O Estado de S Paulo 'Erros', fatos e ...
- DORA KRAMER Um leve aroma de orégano no ar
- Lucia Hippolito :À espera do depoimento de José Di...
- LUÍS NASSIF Uma máquina de instabilidade
- ELIANE CANTANHÊDE Metralhadora giratória
- CLÓVIS ROSSI Socorro, Cherie
- Editorial de A Folha de S Paulo SINAIS DE "ACORDÃO"
- Editorial do JB Desculpas necessárias
- Villas-Bôas Corrêa A ladainha dos servidores da pá...
- Editorial de O Globo Acordo do bem
- Miriam Leitão :Apesar da crise
- Luiz Garcia A CPI e os bons modos
- Merval Pereira Torre de Babel
- DILEMA PETISTA por Denis Rosenfield
- Ricardo A. Setti Crise mostra o quanto Lula se ape...
- Um brasileiro com quem Lula preferiu não discutir ...
- Editorial de O Estado de S Paulo Do caixa 2 ao men...
- Que PT é esse? Orlando Fantazzini
- Alberto Tamer China se embaralha para dizer não
- DORA KRAMER Elenco de canastrões
- LUÍS NASSIF Uma questão de tributo
- PAULO NOGUEIRA BATISTA JR. Antídoto contra a mudança
- JANIO DE FREITAS Questão de ordem
- Responsabilidade DENIS LERRER ROSENFIELD
- DEMÉTRIO MAGNOLI A ética de Lula e a nossa
- ELIANE CANTANHÊDE Caminho da roça
- CLÓVIS ROSSI Legalize-se a corrupção
- Editorial de A Folha de S Paulo PRISÃO TARDIA
- Lucia Hippolito :Uma desculpa de Delúbio
- Cora Ronai Não, o meu país não é o dos delúbios...
- Miriam Leitão Dinheiro sujo
- MERVAL PEREIRA Seleção natural
- AUGUSTO NUNES Tucanos pousam no grande pântano
- Villas-Bôas Corrêa- Lula não tem nada com o governo
- José Nêumanne'Rouba, mas lhe dá um bocadinho'
- Entre dois vexames Coluna de Arnaldo Jabor no Jorn...
- Zuenir Ventura Apenas um não
- Editorial de O Estado de S. Paulo As duas unanimid...
- Luiz Weiss O iogurte do senador e a "coisa da Hist...
- Nunca acusei Lula de nada, afirma FHC
- Editorial de O Estado de S Paulo Triste tradição
- Editorial de O Estado de S Paulo Lula sabe o que o...
- A mentira Denis Lerrer Rosenfield
- As duas faces da moeda Alcides Amaral
- LUÍS NASSIF O banqueiro e a CPI
- FERNANDO RODRIGUES Corrupção endêmica
- CLÓVIS ROSSI Os limites do pacto
- Editorial de A Folha de S Paulo O CONTEÚDO DAS CAIXAS
- Editorial de A Folha de S Paulo A CRISE E A ECONOMIA
- DORA KRAMER À imagem e semelhança
- Miriam Leitão :Mulher distraída
- Zuenir Ventura aindo da mala
- Merval Pereira Vários tipos de joio
-
▼
julho
(532)
- Blog do Lampreia
- Caio Blinder
- Adriano Pires
- Democracia Politica e novo reformismo
- Blog do VILLA
- Augusto Nunes
- Reinaldo Azevedo
- Conteudo Livre
- Indice anterior a 4 dezembro de 2005
- Google News
- INDICE ATUALIZADO
- INDICE ATE4 DEZEMBRO 2005
- Blog Noblat
- e-agora
- CLIPPING DE NOTICIAS
- truthout
- BLOG JOSIAS DE SOUZA
Nenhum comentário:
Postar um comentário