Folha de S Paulo
Nós, brasileiros, vamos sempre levando; eternamente de bom humor, fazemos piadas com nossas desgraças, passeatas costumam terminar em samba e temos uma paciência infinita com nossos governantes. Compreendemos que o Brasil é um país imenso, portanto difícil de ser governado, que quatro anos é pouco tempo para botar a casa em ordem, que oito anos (dois mandatos) é o tempo mínimo necessário para que os projetos comecem a funcionar etc. e tal. A inflação está controlada, só as tarifas do governo sobem, mas temos que compreender que o país é desigual e que os impostos que pagamos são nossa contribuição para que o pobre do interior do Maranhão melhore de vida.
Reclamamos mas pagamos, e continuamos levando.
Mas eis que um dia começam a surgir as denúncias, cada uma mais escabrosa do que a outra, e para tentar entender o que se passa levamos duas horas lendo o jornal e mais duas vendo o noticiário da TV -isso quando não tem CPI; roubam nosso tempo também. A cada dia é um novo escândalo, e quando você vai ao banco pagar os impostos -Cofins, ISS, contribuição não sei de que-, lembra de ter lido um dia que o brasileiro trabalha três ou quatro meses por ano só para pagar os impostos. Aí você pensa na roubalheira com nosso dinheiro, na bandalheira geral que grassa na nação, nas malas de dinheiro, nas mentiras que os altos dirigentes dizem com a maior cara-de-pau para nós que, apesar de alguns discordarem, somos os donos do país.
Dá muita raiva ver o presidente, a essa altura da crise, com as filas nas portas dos hospitais, falar em higiene bucal e em cáries (aliás, meta do novo ministro da Saúde). E que remédios devem ser vendidos em doses, como quando se toma uma cachaça num botequim; só faltou dizer que a garrafa deve ficar por perto para tomar quantas doses sejam necessárias, até esquecer os problemas. Essa ressaca costuma ser braba.
Estou com muita raiva; raiva dos 25.000 cargos de confiança, todos pagando dízimos ao partido, raiva de José Dirceu chamar a ministra Dilma Rousseff de companheira de armas, quando se sabe que ele nunca tocou num estilingue, raiva da ignorância que impera nos palácios de Brasília, raiva de ninguém ter raiva e aceitar tudo como normal.
Raiva do deslumbramento do casal presidencial, que se deslumbrou com as mordomias e não quer largar o osso, raiva do contrato da Telemar, raiva (já contei) dos R$ 20 para mandar uma folha de papel por Sedex para São Paulo, raiva dos impostos extorsivos que paguei hoje, raiva de viver num país em que as pessoas se acomodam por nunca terem ouvido falar que os cidadãos têm direito e que isso se aprende desde cedo. Mas não aqui: ninguém é louco de ensinar nas escolas que isso existe.
As coisas estão mal, e como a voz corrente é que os rios de dinheiro que foram roubados não eram para comprar gravatas Hermés nem fazer os jardins da casa da Dinda, fica tudo meio vago, como se fosse parte do mundo político, coisas que sempre existiram; que fazem parte e que pode ser um golpe de direita, para desestabilizar o governo, e assim continuamos levando.
Agora, pense bem: alguém conseguiria botar um punhado de dinheiro dentro da sua cueca?
Entrevista:O Estado inteligente
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