Entrevista:O Estado inteligente

terça-feira, julho 12, 2005

CLÓVIS ROSSI Lula e o kama sutra

folha de s paulo
 PARIS - No dia 28 de janeiro de 2003, Luiz Inácio Lula da Silva era recebido, pela primeira vez, no Palácio dos Campos Elíseos.
Escrevi, então: "Se tivesse dinheiro, pagaria uma fortuna para entrar na mente e no coração de Luiz Inácio Lula da Silva no instante em que ele desceu do Peugeot 607 chapa 570PGF75 e foi pisando o cascalho do pátio de entrada dos Campos Elíseos, a sede do governo francês".
Mais adiante: "Para quem nasceu para a vida a bordo de um pau-de-arara, não deve ser pouca coisa experimentar a pompa de um dos palácios mais emblemáticos do planeta".
Amanhã, Luiz Inácio Lula da Silva volta a Paris. Mas a enorme diferença vai muito além do baita calor que faz agora, no verão francês, comparado ao rigor do inverno.
Está dada, acima de tudo, pela maneira como Lula é encarado nos círculos informados. Há dois anos e meio, o presidente brasileira encarnava, para as lideranças européias, a chance de tirarem a castanha do fogo com a mão do gato.
Traduzindo: teriam, imaginavam eles, um presidente que seria ortodoxo na economia, como prometera, mas, mesmo assim, faria a redenção social do pobre Brasil.
Na noite daquele 28 de janeiro, aliás, cruzei com o então diretor-gerente do FMI, o alemão Horst Köeller, hoje presidente da República, que se derreteu em elogios a Lula, a quem chegou a classificar como "socialista maduro". Essa frase, vinda de quem vinha, fez meu sexto sentido avisar, com 28 dias apenas de Presidência: "Cuidado, velho, que alguma coisa está errada, muito errada".
Hoje, a revista britânica "The Economist", que, como o FMI, tinha tanto carinho por Lula, recebe o presidente com esta frase sobre seu partido: "O PT, o partido que proclamava ter "copyright" sobre governo limpo, está envolvido em um verdadeiro kama sutra da corrupção".
Francamente, eu preferiria não ter de voltar ao Eliseu.

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