Entrevista:O Estado inteligente

segunda-feira, julho 18, 2005

blog Ricardo Noblat ainda sobre entrevista Lula no Fantastico

Entrevistas cronometradas

Em resumo, o que Lula pretendeu dizer com o pronunciamento que fez há pouco na TV Globo foi que ele nada tem a ver com o PT. Pelo menos desde que assumiu a presidência da República não se meteu mais com o PT.

 

Deixou mal a direção recém-substituída. Disse que ela se fragilizou com a ida para o governo de gente que até então tocava o partido. Quer dizer: salvou a cara do ex-ministro José Dirceu. E deixou a culpa no colo de Genoino, Delúbio e Sílvio Pereira.

 

Os dois movimentos feitos por Lula (declarar-se inocente e debitar a culpa na conta dos ex-dirigentes do PT) combinam à perfeição com os movimentos feitos antes por Delúbio e o empresário Marcos Valério.

 

Valério isentou Lula ao dizer que tomou dinheiro emprestado em bancos por ordem de Delúbio. E que o repassou a pessoas indicadas por Delúbio. Esse, por sua vez, disse, primeiro, que a culpa era só sua. Depois dividiu-a com a antiga direção do PT.

 

Lula deu a entrevista com pinta de armação na sexta-feira em Paris. Valério deu a entrevista à Globo na sexta-feira aqui. Delúbio deu a sua no sábado. Tudo cronometrado. 

 

Dá para acreditar que Lula se manteve distante do PT desde que foi eleito? É claro que não. A antiga direção do partido sempre obedeceu às ordens dele.

 

Dá para acreditar que Lula tolera CPIs como ele sugeriu há pouco na entrevista?

 

É claro que não. Ele em pessoa assumiu o comando da operação para abafar a CPI dos Correios. Chegou a telefonar para o deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) pedindo que retirasse a assinatura do requerimento que criava a CPI.

 

Para montar uma CPI chapa branca destinada apenas a investigar o mensalão, Lula revogou uma Medida Provisória que trancava a pauta de votação da Câmara. 

 

Se quiser, Lula pode descolar ou fazer de conta de que descola do PT. Mas não cola o discurso de que havia se distanciado dele desde que subira a rampa do Palácio do Planalto.

 

É melhor contar outra.


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